Friday, August 21, 2009

Qual assunto?

Tem sido um início de época difícil de suportar. Já a pré-época foi o que foi... Uma pessoa quer falar de bola mas a conversa corta-se logo com um determinado “ah, então e aquilo... viste o Bolt?”, seguido da piscadela de olho compincha. "Se o vi? Nem deu tempo...". Benfiquista que é benfiquista sabe perfeitamente que com isto dos enguiços não se brinca... O melhor é não tocar no assunto. Fingir que não se passa nada. Um gajo sorri, anda com confiança. Mas o assunto fica só aqui entre nós, como numa irmandade secreta. “Então, tudo bem?”, sorrisinho, mais uma piscadela de olho, “tudo em ordem” e falamos das legislativas ou lá o que é isso. Diz que é democracia. Pero no lo creo. Que tal as férias e outros assuntos que ocupam as páginas finais do Record. Se se dá o caso azarado de alguém lançar um tímido “O Porto não está mau...”, haverá logo outro alguém que atalhará com um imponente “epá, e aquela treta em Albufeira...? diz que o Figo é que costuma ir para lá...” e a seguir, faz-se um arrependido silêncio. Mencionar a palavra “Figo” pode fazer com que se toque no assunto. E a gente não quer isso. Benfiquista que é benfiquista está ralado é com a Naide, que é lagarta e são-tomense mas pronto, a gente gosta dela na mesma... Nem há outro assunto.

Wednesday, August 19, 2009

Uma terça-feira à noite, no café do Chaves

- ‘Ehp, o problema do Sporting é a branca’, atira o Chaves ainda a olhar para a televisão, com o cotovelo vincado no balcão e a face enfiada no punho até a bochecha lhe tapar o olho.


- ‘Ãh? A branca? Mas qual branca?’, respondo-lhe eu, com uma linha (a subtileza esmagadora das palavras) de esperança que o homem me surpreendesse e tivesse ali algum boato para nos entreter.


- ‘Qual branca? Qual branca? Aquela que lhes passa pela cabeça, porra!’, respondeu, retirando a cabeça da mão para a poder abrir num gesto que subentendia esclarecimento.


- ‘Epá, mas de quem? Na sei nada disso!’, inquiro, cada vez mais interessado.


- ‘Porra atão na vês?’, disse, já direito atrás do balcão e a indicar a televisão com a cabeça. ‘Do Polga, do Peido Silva, do Vukcevic, do Abel quando joga e de outros quando calha. Achas normal que na façam um joguinho sem lhes parar o cérebro pelo menos uma vez?’


- ‘AaaH’, a linha de esperança de ter ali um boato saboroso era realmente fininha. ‘Essa branca! Ah, pois, não, na é normal’.


- ‘E se fosse só neste jogo, ainda se desculpava, mas na há jogo que não enterrem a sério. Se fores a ver, nesta época, os golos que temos sofrido foram quase só por falhas individuais nossas, por andarmos a dormir ou por desmazelo. E durante o jogo há mais uma série delas que mesmo que na matem, irritam que se farta e metem-nos o coração nas mãos.’


- ‘Já no ano passado o Polga, volta e meia, enterrava. Este ano na parece melhorar. E o Abel sempre teve problemas na ligação entre os neurónios, dá curto-circuito, sabes. Sobre um gajo a quem chamo Peido Silva, não falo. Agora, o Vuk, acho que tem desculpa.’


- ‘Qual desculpa, homem, qual desculpa?’, responde o Chaves, agitando as mãos no ar. Fiquei com um bocadinho de medo, confesso. ‘Primeiro desvia as atenções da punhada que o italiano deu no levezinho e ainda ganha um amarelo, por parvo. Depois, arma-se em Ronaldo pra mostrar a peitaça à malta. Eu quero lá ver as maminhas do Vukcevic! Quero é que jogue á bola e acabe o jogo’.


- ‘Epá, mas é a maneira de o homem jogar. É emotivo, dedica-se àquilo e às vezes perde as estribeiras. Mas depois é por ter este carácter que luta tanto e que empurra a equipa para a frente. É o reverso da medalha…’


- ‘Ora porra’. E o pano encardido de limpar os copos já batia no balcão. ‘Para gajos burros a jogar à bola já na bastam os 2 laterais direitos? Atão o homem na é capaz de manter a fibra toda e pensar um bocadinho ao mesmo tempo? Já na digo pensar muito. Só o suficiente para na tirar a camisola quando já tem um amarelo. A partir de agora vou passar os jogos a olhar prás mãos deles para ver se têm todos os polegares oponíveis… Olha que já desconfio!’.


- ‘Olha, eu se fosse jogador da bola era capaz de fazer o mesmo que o Vuk. Batiam num colega meu, levavam logo na boca. A não ser que fosse o Peido Silva. Aí, juntava-me ao outro pra bater no Peido Silva. Se eu conseguisse marcar um golo importante num jogo em que estivéssemos a ser roubados, super pressionados e com toda a gente nas semanas anteriores a falar mal de nós, também era capaz de reagir de uma maneira emotiva e esquecer que já tinha amarelo’, respondi-lhe eu quando... TRASH!!


- ‘Pois, mas isso és tu que nem és capaz de agarrar numa merda duma mini! Já é a 3ª que deixas cair, porra. E esta vais limpá-la tu que já tou farto. Toma o pano, anda. E podes usar os pés, que já vi que os teus polegares são como os dos jogadores do Sporting...'

Wednesday, August 05, 2009

Isto vai correr bem este ano, vai…

A melhor forma de ilustrar o patético jogo que o Sporting fez hoje contra aqueles holandeses sofríveis foi o golo: No último minuto dos descontos, por auto-golo e com meia assistência do Rui Patrício. Isto sim, faz-me corar de vergonha.

Pior, só se ganhassem à pedrada…