Tuesday, March 03, 2009

Pequenos esclarecimentos a certas dúvidas e equívocos de MST

Já vinha ficando desapontado com os meus três “cronistas desportivos” favoritos. Pior: já começava a prestar atenção às patetices de António Tadeia (aquela teoria acerca de uma mirabolante lei do fora-de-jogo, aqui há umas semanas, ficará na história...), a amesquinhar as notas futeteorísticas do Freitas Lobo, a tentar traduzir para português o que Vieira Pinto emite com esforço, a procurar com avidez uma análise, uma linha que fosse, do Querido Manha, entre páginas e páginas de crimes e acidentes no Correio da Manhã... a verdade é esta: sem Rui Santos, António José Saraiva e Miguel Sousa Tavares em forma, a alimentarem-me o intelecto, eu não suporto o tédio deste futebol da era Mourinho.

Foi então que, por entre o nevoeiro, surgiu este último, provavelmente após ter inalado aquilo que o Rochemback e o Derlei inalaram aqui há uns dez dias atrás. É que se trata de uma exibição de luxo, meu povo. Não do González. Luxo patético, ao melhor estilo de MST, himself, igualável apenas por ele próprio.

Começo por registar uma questão inquietante deste ser... Não sei como classificá-la. Ok, já a classifiquei de “inquietante”. Mas isso é para ele. Refiro-me a classificá-la na perspectiva do comum dos mortais. Ora, atentai: diz Miguel, cento e cinquenta ou cento e sessenta ou mais, sei lá... quase duzentos anos depois de os ingleses terem dividido aquele desporto medieval em dois – um com uma baliza limitada por cima e jogado com os pés; outra com um goal passível de ser obtido ora cruzando a linha fatal com a bola em seu poder, ora fazendo a bola passar por entre o prolongamento infinito dos dois postes estacados no chão, sobre a linha da possibilidade anterior – dizia eu, quase duzentos anos depois da invenção desta coisa magnífica, quase sessenta anos depois de Otto Glória e Bella Gutman, quase trinta anos após a chegada de Eriksson, quase no fim da carreira de Sacchi, quinze anos depois da intervenção de Cappello, 6 anos depois do primeiro de Mourinho... Alongo-me. Pergunta, inquieto, Sousa Tavares, “por que não treinam [os jogadores da Liga Sagres, com especial enfoque para os atletas do Leixões] mais os remates?”. Vale pôr smileys? Agora eu punha aqui aquele assim :-/

Há que sublinhar que Sousa Tavares leva uns bons 900 caractéres até chegar a esta conclusão com pergunta inconclusiva e de origem meio demente. Corrijo: bem demente. José Mota, toma nota: treinem mais os remates, pá. Vá lá. Acho que é isso que vos está a faltar... E os outros também. Vá, tudo aí a chutar à baliza. O que mais me surpreende é que, quase duzentos anos depois da tal invenção do futebol, seja preciso um atleta de poltrona, praticante de Transibérico ao volante de um Patrol, chegar-se à frente e descobrir a pólvora! Ainda para mais quando no andebol, no basquetebol e no hóquei em patins já se treina disso há anos e anos, com os resultados que se conhecem. Estou em crer que, após esta brilhante sugestão de Miguel Sousa Tavares, passemos a ter jogos de 12 – 17, 24 -15, 14 – 14, goleadas de 32 a 11, empates a 20 golos, melhores marcadores com 275 tentos apontados. Os recordes de Eusébio, Gomes, Yazalde ou Jardel serão pulverizados ainda antes do final desta época. Até o Nuno Gomes é capaz de chegar aos 20, estou convencido – basta que “treine os remates”. Claro... Há coisas tão simples, mesmo debaixo do nosso nariz, e a gente não as vê...

Enfim, adiante. Lá mais para a frente – digamos, dois whiskies velhos mais à frente... -, Miguel, interpretando o papel de “ele próprio” com o empenho, a classe e a arte que se lhe reconhecem quando veste a pele do Marquês de Mafra (bela terra, bela terra...), vasculha a algibeira em busca de mais qualquer coisa brilhante e pertinente para dizer. Não encontrando, lança, enigmático e com dificuldades na fala, “já REPARAM (sic) que nunca é o FC Porto a lançar polémicas prévias e a excitar os ânimos antes dos grandes jogos?”. E aqui punha aquele outro :-o e, seguidamente, perguntava “ó Miguel... estás a falar a sério?”. Não. Evidentemente não está. Mas o Miguel é assim. Enquanto bota abaixo a sua anestesia de Cardhu – para se inspirar, por um lado; para esquecer o que escreveu no dia anterior, por outro -, gosta destes pequenos teasers, destas brincadeirinhas xonés, destas provocações patetinhas, daquelas que depois, de surra, entre amigos e baixinho, dá para perguntar, sorrindo com alarvidade “tájaber o que eu escrebi? Táj?”. Miguel, bebe e cala-te.

Mas Miguel, o patetinha esperto, não pára aqui. Eu disse que ele tinha inalado uma substância qualquer, conhecida no submundo dos drogados como “cocaína”, lá no calão deles. Ou então foi o Cardhu que lhe caiu mal. Agora, que o homem não estava bem, lá isso não estava – eu estou desconfiado que, depois de frustrada a “goleada” ao Atlético de Madrid e, ainda por cima, frustrada também a repetição do enxovalho alemão ao sportém, ao Miguel caiu-lhe mal foi o facto de os jogadores do folcuporto andarem, talvez, a treinar pouco os remates... Jesualdo, antes de passares a pasta ao Jesus, deixa-lhe uma nota no quadro do balneário: “treina mais os remates”.

É que o mau fígado (pudera... até o meu tem mais saúde) fez com que Sousa Tavares se atrevesse a delirar delírios que, em delírios seus anteriores, se atreveu a escarnecer. Falo, como está fácil de ver, da “conspiração à la Vieira”. Se não, veja-se o que “escreve” (eu julgo que ele aqui já ditava e quem escrevia era a empregada...): “bla bla bla (...) a goleada ingloriamente desperdiçada em Madrid, por erros próprios e por força de uma vergonhosa arbitragem decerto encomendada pelo senhor Platini” – o Miguel não se conforma com o facto de Platini não apreciar batotas e batoteiros e faz questão de mostrar ao mundo esse ressentimento. Como, aliás, no final do texto, fazendo uso da alfinetada de estertor – aquela apontada ao coração do adepto benfiquista que, se não se chamar Diego Armés, se estará positivamente cagando para o que Miguel dita – se encarrega de demonstrar.

E que alfinetada é essa? Ora, mais que visto, repetido mil vezes, “adivinhar” já nem é termo que se aplique: o Benfica e as competições europeias. Inovador, sem dúvida – o Cardhu fá-lo assim: ora inventa estratégias de treino; ora se reinventa em estratégias literárias de provocação, algures entre o energúmeno e o boçal. Mas sempre com o seu toque inconfundível de espírito menor. Duvidais? Constatai com os vossos próprios olhos. Alega o Miguel, devaneando e soluçando – aposto que já soluçava -, que o folcuporto, na Champions, e o folcuporto B, na UEFA, deveriam aguentar-se um pouco mais bla bla bla “ranking bla bla bla Portugal a ser ultrapassado pela Ucrâniabla bla bla para que outros [clubes], como o Benfica, não tenham de entrar na Europa arrombando a porta da secretaria” – perceberam a parte da demonstração do ressentimento face à perseguição de Platini aos batoteiros? Está aqui, implícita. Na mitologia sousatavariana, Platini é a encarnação do Benfica. Isto é, o adversário. O inominável (Platini é uma designção abstracta, evidentemente...). Aquele que nos quer mal. O sujo. O pulha. Vale a pena perguntar porquê?

2 Comments:

At 12:49 PM, Blogger Helena Henriques said...

Dêem-lhes o título, por favor!

 
At 7:08 PM, Blogger mago said...

Não percebo este post.

O corolário ("Miguel, bebe e cala-te.") aparece no final do quinto parágrafo e não no fim do texto.

Com smiley: :P

 

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