Friday, November 28, 2008

Caro Maestro,

Venho, por este meio, solicitar à Benfica, Futebol S.A.D. a melhor atenção para a gravidade do seguinte assunto:

Ontem, representando o lado mais nobre da face benfiquista, inspirando-me nas inúmeras conquistas do gene vermelho ao longo da sua história e confiando piamente na grandeza e nas capacidades deste “seu” Benfica, fiz - como qualquer grande benfiquista faria - questão de sublinhar a capacidade que o Grupo Excursionista, colectividade local de honras e pergaminhos em disciplinas nobres como o tiro aos pratos ou o ténis de mesa, tinha e tem em inspirar-me – como, com certeza, inspira qualquer benfiquista da minha estirpe.

Contudo, essa inspiração revelou-se breve e esvaziada após a humilhante e menos que medíocre exibição dessas determinadas pessoas que o meu caro, enfim, talvez por tratar-se de um momento também ele desinspirado, certo dia tratou de contratar para acalcar a relva da Catedral.

Posto isto, tenho a dizer-lhe que o meu dia não tem sido pautado pela saúde ou pelos sorrisos, mas antes pela leitura, visão e audição de manifestações claramente antipáticas e rancorosas em relação à minha pessoa. Ora, portanto, há que ver que estou desmoralizado, que tenho a minha auto-estima muito em baixo e que, se isto continuar assim, este ano não há Natal, para ninguém!, cá em casa.

Espero que o caríssimo tenha a capacidade para, em se esforçando, evitar que tal aconteça, pois as crianças gostam muito do Natal. E eu estou farto da merda dos lagartos a chatearem-me os cornos.

Grande abraço,
Diego.

Thursday, November 27, 2008

Haja inspiração, parte II


Apresento-vos Piotr Kropotkin. Como podem ver é da família do Barbas. Mas não tem nenhum restaurante na Costa da Caparica nem consta que alguma vez tenha bebido uma mini com o Jorge Máximo. Até porque na Rússia não há minis e o máximo que o Jorge (sou um génio dos trocadilhos) se aproximou de algo a ver com Kropotkin foi quando deu um beliscão no rabiosque de uma Tatiana com um metro e noventa, numa boite fedorenta de Alcanena.

Kropotkin não sabe (até porque está morto há mais de 80 anos) mas salvou-me os próximos dias. Pelo menos até ao fim de semana. Aliás, não foi bem Kropotkin, mas não há dúvida que foi uma inspiração definitiva para o Benfica antes do jogo épico contra o Olympiacos. Isto porque Kropotkin defendia que a solidariedade entre indivíduos da mesma espécie é tão fundamental para a sua sobrevivência como a competição entre eles. Obrigado Benfica, pelo humanismo.

Confesso que não sou tão nobre. Na verdade, sou um bruto vingativo, que se deixa facilmente alimentar por um sentimento mesquinho de consolo pelo infortúnio do próximo (literalmente próximo. Leia-se 'outro lado da segunda circular'). E se não entendia a grandeza do Benfica, ela é bem capaz de estar nestas pequenas coisas: Quando nos sentimos angustiados, espezinhados, envergonhados pela figura ridícula que fizemos, podemos sempre pensar que há alguém disponível para fazer pior. E aí esperamos que o Benfica jogue. É balsâmico, terapêutico. E aos 40 segundos de jogo, já nos começamos a sentir muito melhor. No fim do jogo, sentimo-nos tão bem que até nos apetece reler todos os comentários benfiquistas ao jogo do Sporting contra o Barcelona.

Infelizmente não se repetiu Vigo mas enfim, também não é altura para ser usurário…
PS. Vejo que o Ricardo Costa também anda em grande nível. Está mesmo no ponto para ser chamado á selecção…

Haja inspiração!

Uma pessoa, para escrever, tal como para uma multidão de outros verbos acabados em “er” ou “ar” – há excepções, como “chover”, por exemplo -, precisa de uma inspiração, de um motivo. As inspirações têm fontes diversas. Grandes poetas houve que se inspiravam em ninfas do rio. Outros grandes escritores se inspiraram em ninfetas de baloiço. Eu costumo inspirar-me na ninfomaníaca do 2.º direito – isto, apesar da sua idade não muito tenra (Nabokov não apreciaria, por certo). Ora, mas isso são inspirações líricas que uma pessoa utiliza para escrever grandes obras e isso. Eu escrevo na blogosfera e para os blogosféricos. Para isto, as minhas ninfas são outras... Lá chegaremos.

Ainda sobre a origem da inspiração, temos, por um lado, o universo onírico, e, por outro, as manifestações reminiscentes. Por vezes, um universo e as outras manifestações juntam-se. Quando tal acontece é quase certo que o encontro se dá no lavabos do Campo Grande.

Quantas e quantas vezes eu sonhei com as minhas ninfas às riscas a levar cinco? E duas vezes na mesma época? E com autogolos? E penalties? E expulsões? Se hoje não tivesse visto no televisor o Caneira a executar aquela canelada acrobática para bater o Patrício e o outro, o Polga, a meter, de barriga, para o fundo da malha e aquele mesmo Patrício a cometer uma defesa penaltificada e a ser avermelhado e esse já mencionado Polga a ver passar os Messis todos do mundo em direcção à baliza sem perceber o que se passava... Se eu não tivesse revisto, julgaria que não tinha passado de mais um sonho palerma, daqueles que eu tinha nos tempos em que pessoas chamadas Leónidas e Taument vestiam a Digníssima de forma indigna. Mas, agora?! Hoje, que a Veste cai elegante sobre o pêlo de gente de bem, materializam-me assim, sem aviso, delírios e reminiscências em 90 minutos de incredulidade?!

Meus amigos... como diriam os excursionistas, “Olé!”...
Que não lhes calhe o Arsenal nos oitavos...