Thursday, October 23, 2008

Uma quarta-feira à noite no café do Chaves

- ‘Apostas ó na apostas?’, desafiou o Barranha, estendendo a mão aberta por cima do balcão.

- ‘Tira masé a pata daqui, ó…’ enxotou o Chaves com o pano surrento de restos de água-pé e ginginha. ‘E depois vem a tua mãe fazer queixas à minha Alzira, a dizer que lhe vais à carteira para me pagares as apostas’.

- ‘Tás com medo, ó Chaves. Tás com mais medo co PálBente. Até te tá a crescer uma risca no meio na careca! Eheheheh. (Falando mais alto) Ó Férenc, tás a ver aqui o risquinho à Pal Bente na careca do Chaves? Eheheheh’.

- ‘És um palhaço’, atirou-lhe o Chaves. ‘Mesmo que o homem esteja a jogar pró empate, vai é trocar homem por homem, para refrescar’.

- ‘Vais ver: Daqui a bocadinho começa a meter defesas por médios. Queres apostar que ainda entra o Grimi e mete o Veloso ao lado do gordo? Fica o Bucha e a Chica. Eheheheheh. Esta foi boa. Bucha e Chica…’

- ‘Na… Não se atrevia. Se ele trocar um médio ou um avançado e meter um defesa com o jogo ainda empatado, eu como o cartão de sócio’, meti-me eu na conversa. ‘Já na chega as figuras que fizemos contra o Barcelona, contra os cães e contra os porcos e vem agora aqui contra estes novos-ricos da merda abanar o cagueiro todo? Uma coisa é não conseguir mais que o empate, outra é jogar pró empate. E o Sporting não pode jogar pró empate!’

- ‘Queres apostar tu também?’ E espetou-me a mão à frente da cara.

- ‘E depois admiram-se que os sócios assobiem e não encham o campo. Para verem langonhas ficam em casa a ver os vídeos da selecção do Scolari’, continuei, ignorando o Barranha.

- ‘Olha, olha! Olha o tiques a sair. É O GRIMI, È O GRIMI!!!’. O Barranha estava histérico.

- ‘Foda-se!’ Mas que merda é esta? Na tem um Yannick pra meter? Vai meter um defesa a 20 minutos do fim?’

- ‘Bem… quer mesmo garantir o pontinho. Ele lá sabe…’. Não se pode levar a mal, tentar meter água na fervura. O Chaves já sabia a gritaria que vinha aí.

- ‘PONTINHO? Pontinhos é que ele vai levar depois da mocada que lhe vou dar na tromba! Antão estes comunas da merda na jogam um corno e ainda mete um defesa? MARICAS! Ainda na chutaram uma vez à baliza! Depois cá vai levar duas ou três na anilha! E depois mete aquele gordo da merda a marcar todos os livres mas ainda na o vi marcar um de jeito. Nem se consegue mexer, ó… EPÁ! VAI… VAI…’

- ‘GOOOOOOOOLLLOOOOOO’!

- ‘GOOOOOOOOLLLOOOOOO’!

- ‘Ganda Levezinho’, gritou o Chaves empoleirado em cima do balcão para me abraçar.

- ‘Ganda Levezinho? Ganda mister que a gente tem. Venha cá masé o Mourinho fazer destas que a gente logo lhe diz quem o ensinou. METE O PEDRO SILVA! METE O PEDRO SILVA QUE AINDA GOLEAMOS’, respondi eu com as pernas no ar, devolvendo o abraço ao Chaves.

- ‘Ó Chaves, traz aí o galheteiro que o Férenc vai petiscar o cartão de sócio’, atira o Barranha, indiferente a esta euforia.

- ‘Como isto resultou, vais-nos ver agora a jogar para o 1-0 em todos os jogos. A começar já no próximo’, diz o Chaves de costas voltadas para o balcão, à procura do galheteiro em forma de mulher nua na prateleira.

- ‘Por mim, desde que a gente ganhe... chomp chomp… até pode jogar… chomp chomp… com o Bucha e a Chica a pontas de lança. (Olhando para o resto do cartão) Isto até nem é mau…’

Friday, October 17, 2008

Infame

Não sou fã do Carlos Queirós. Desde aquela noite de Maio de 1994 em que ele tirou o Paulo Torres para meter o Pacheco e criou aquela auto-estrada para o JVP, que já tinha mostrado que andava com o demónio no corpo, que tenho o Queirós atravessado na goela. Não é treinador de futebol, é o tio porreiraço dos jogadores.

Mas isto não se faz.




Ainda por cima como se devêssemos alguma coisa a este sujo…

Perdi o pouco respeito que tinha por estes gajos.

Thursday, October 16, 2008

A Selecção nacional e o Magalhães: descubra as diferenças

  • O Magalhães serve para estudar, na selecção ninguém estuda.
  • O Magalhães vende-se bem. Na selecção já foram todos vendidos.
  • O Magalhães é portátil, a selecção um elefante branco.
  • O Magalhães é para utilizadores infantis, a selecção faz coisas infantis.
  • O Magalhães tem matriz. A selecção não tem pai (só tem um treinador).
  • O Magalhães tem muitas soluções. A selecção não tem.
  • No Magalhães em três toques chegamos ao que queremos. Na selecção, três toques são necessários para cada jogador.
  • A selecção não encontra o caminho da baliza. No Magalhães faz-se www…
  • A selecção tem egos. O Magalhães tem megas.
  • A selecção está a ressacar. O Magalhães não se mete nas drogas (um bugzinho ou outro!)
  • A selecção tarda em arrancar. O Magalhães é despachado.
  • A selecção incomoda. O Magalhães é compacto e cabe na estante.
  • A selecção ainda não percebeu que não vai ao Mundial. O Magalhães, não tarda, poderá ser encontrado no Saara, em Machu Pichu e na Amadora.

Vinhas

Wednesday, October 08, 2008

Escreve José António Lima...

Depois das moralizadoras vitórias sobre o Sporting e o Nápoles (que é um clube médio italiano e não um Milan ou um Inter, como se quis fazer crer após a eliminatória...) (...) blá blá blá

Como não poderia deixar de ser, o vice-Rui Santos do nosso planeta da bola armou-se do seu já tradicional (ia dizer “clássico”, porém o termo não se aplica, tendo em conta o protagonista) nojinho e, após as tais “duas moralizadoras vitórias” do Benfica, colocou Quique Flores na secção “... em queda” da sua página, n’A Bola – caro Vítor Serpa: poupem nas despesas e deixem a página em branco... de qualquer modo, só serve para limpar montras ou para crianças do 5.º ano fazerem pasta de papel nas aulas de EVT. Noto ainda que este subproduto de Miguel Sousa Tavares faz a interessante ressalva do tal “clube médio italiano” – esqueceu-se de acrescentar relativamente ao sportém: “clube médio português e não um Benfica ou um folcuporto como muitos querem crer”. Vá lá, Zé António não se deixou deslumbrar pela estrondosa exibição e não menos vistosa vitória do seu sportém ante o poderoso Basileia: ao lado de Quique, surge Paulo Bento, também na secção “... em queda” (não se percebe por quê... queda de onde?).

Quem me conhece saberá que figurinhas como o Zé António me encantam. São tristes, são débeis, têm o seu quê de imbecilidade e, ainda assim, têm tempo de antena. Porém, há que reconhecer que nos fazem falta. Isto, na perspectiva da indústria do entretenimento – e o que são os jornais desportivos senão entretenimento? No entanto, o Zé António é daquelas personagens que conseguem sempre dizer qualquer coisa que me faz exclamar algo do género “... mas este pulha tem cérebro?!” e isso é um mérito, porque eu raramente uso o termo “pulha”, por um lado; por outro, há muito que concluí que “cérebro” é coisa que não tem (pelo menos, um cérebro saudável e funcional) e a dúvida surge-me inexplicavelmente todas as quartas-feiras – também é certo que se desvanece meia-dúzia de segundos depois, mas o que interessa é que este pop-up inconsciente me intriga.

Mas o Zé António também tem sentido de humor. Embora não tenha lido toda a página – só li mesmo a secção “... em queda”, confesso -, encontrei dois apontamentos de elevada sensibilidade para o riso. Diz, a propósito do empate (ui ui ui... o Zé António exultou com este empate!!! Viva o Leixões!!!) do Benfica em Matosinhos, que “só o ábritro não o deixou (ao Leixões) alcançar a vitória”. Não é divertido? Mas Zé António supera-se: junta ao seu humor pequeno-burguês um toque de refinada literatura a dá-se ao luxo de aplicar eufemismos para falar de obesidade. Ora, vejam só o que ele escreve: “a dupla Ro-Ro (Rochemback e Romagnoli) – PÁRA TUDO! Não é delicioso? Bem, continuando... – a dupla Ro-Ro (Rochemback e Romagnoli) introduz, por vezes, excesso de lentidão”. Escuso-me a comentar... Podia ir mais longe e falar do “trio Ro-Flo-Ro”, incluindo Miguel Veloso no pacote (com todo o respeito pelo pacote de José António Lima, que não era a esse que eu me referia).

Obrigado, Zé. Para a semana só limpo os vidros da casa-de-banho com a tua prosa depois de tirar apontamentos.