Sunday, July 27, 2008

Cadernos do Euro: Dias e noites de Zagreb



Sempre a abrir a noite toda, sempre a rock'n'rolar, parece o lema de Slaven Bilić, o seleccionador croata e guitarrista da banda de heavy metal Rawbaw.
E a Croácia rola a bola o jogo inteiro sempre rockanrolar, do habitual 3-5-2 alterou o esquema táctico para um combativo 4-4-2 e limpou os 9 pontos na fase de grupos. A ferradura parece funcionar - palpita-me é que contra o crescente, não vai chegar.
A Croácia é assim, reconstruiu Dubrovnik em menos de um fósforo, mas isto de ter sido fronteira entre muçulmanos e cristãos tem que se lhe diga. Vislumbram-se milhões de possibilidades e, ora bolas, tropeça-se numa pequena adversidade. Azar, volta-se a cara para a ferradura e as inúmeras possibilidades e toca de recomeçar. Como Dubrovnik. Como Ivan Klasnić, será um milagre da medicina, mas a perseverança do jogador não pode ser ignorada, duplo transplante renal e continuar a ser atleta de alta competição, é obra!
Confesso que não atinjo o que terá o crescente para poder acrescentar à ferradura, quiçá um guarda-redes experiente, ou talvez a velha mania de que Deus é mais Deus que Alá, se vire em ocasiões contra os crentes ou, como os Deuses também consideram a bola redonda, palpita-me que, mais uma vez, isto não vai correr bem à cristandade.
Bilić, toca a tratar do Mundial... sempre a abrir o tempo todo, sempre a rock'n'rolar.

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Friday, July 25, 2008

Cadernos do euro: Terim u akbar

O Leonel era o dono da taberna lá da rua da minha avó. A cada vaza da bisca lambida eram aqueles braços engrossados e endurecidos pelo puxar de um sem-número de fateixas que espetavam na mesa um copo de três. Mas com uma antagónica e inesperada delicadeza que todas as gotas se mantinham dentro dos bordos quando chocava com o mármore. O mesmo antagonismo que existia entre o duro rosto cinzelado pelo mar e a maciez com que encaminhava o Ti Raul Ouriço ou o Mestre Lindo para casa, no fim de um dia inteiro de dominó regado.

Quando olho para o Fatih Terim lembro-me sempre do Leonel: Aquele jeito encorpado, tez morena vincada pelo sol, ringue de patinagem até à nuca. Um arroto sonoro por trás do balcão, uma mini fiada; As veias a latejarem por um passe falhado no treino, um abraço sentido ao jogador que falhou um penalti num jogo.

Por trás do seu ar de taberneiro de shoarma, que barra a lafa de hummus antes de a enrolar com o borrego e limpar as mãos à camisa pejada de nódoas, está o único factor que poderá evitar que um conjunto de bons rapazes não se afogue na banalidade. A Turquia é uma equipa sem estrelas nem carisma, que dificilmente será capaz de encantar por um futebol de qualidade. Quem vive num sebastianismo por um ponta de lança, como Hakan Sukur, que toda a sua carreira pouco mais foi do que vulgar, não é capaz de ser feliz. Acreditar que a glória reside nos desequilíbrios de tipos apenas competentes como Nihat, Emre ou Altintop poderia ser confundido como insanidade ou apenas fé. Mas quando se tem um mentor especial, alguém com linha directa com o divino, capaz de incutir um espírito místico de luta e crença, eu pensaria duas vezes antes de apostar que iriam para casa ao fim de 3 jogos.

Não será a primeira vez que um grupo de operários ganha jogos. Será a primeira vez que um grupo de operários ganha jogos consecutivos nos últimos minutos em reviravoltas históricas depois de estar a perder contra adversários mais conceituados e fortes. E esta gente não é brilhante, mas corre como o diabo, é chata como a potassa e não desiste um bocadinho. E se tiverem a fortuna de chegar a uma meia-final contra um adversário superior e só com 12 jogadores disponíveis, entre lesionados e castigados, continuarão a chatear. E a sua força não virá de Allá. Virá de Terim, entre dois falafel e um kebab.

Monday, July 21, 2008

A falta que faz o Scolari

Havia de me calhar a Roménia. Ou seja, apanhei o rol das desgraças todas!

Estes gajos chegaram à frente da Holanda na fase de grupos e depois é o que se vê! Já sabemos que o futebol não tem explicação, mas alguma coerência divina calhava bem.

Contrariamente aos checos, metade dos jogadores está na Roménia (o que lhes deveria abrir o apetite para brilharem de forma a arranjar um lugar na emigração); não sendo muito jovens, tinham apenas 3 jogadores com mais de 30 anos. Os romenos são 50% latinos e 50% eslavos o que até poderia ser uma garantia de espectáculo e de qualidade de jogo.

Já sei que ficaram num grupo lixado (?), de onde saiu o campeão. Mas se pensarmos bem, o que jogou a Itália e a França não poderia justificar mais alguma ambição?

O problema foi o receio instintivo de ser a menos cotada. Bastaria terem acreditado um pouco mais em si próprios e provavelmente conseguiriam chegar aos quartos.

O penalti falhado por Mutu expressa aquela sensação de “quase lá” com que se fica em relação a Roménia.

De resto, o raciocínio romeno é um pouco semelhante ao dos checos e croatas: tem tudo para se fazerem a um título mas falta sempre aquela vontade e ambição que justifique o esforço.

Esperava-se algo mais ameaçador, mais ofensivo, enfim, mais Vlad Tepes e não tanto Emil Cioran!

Faltou aqui a visão táctica de um homem como o Conde!

Mas o facto é que quem não joga para a vitória tem enormes probabilidades de perder e no caso da Roménia tanta cautela resultou em nada.

E é este pessimismo entranhado que faz com que as selecções do Leste se esgotem. Portugal tinha o Fado que não nos deixa ganhar nada (mas que permite bons negócios individuais…), os romenos tem um enfado natural pela conquista. Enfim, precisam de contratar o Scolari!

Alguém com um astral para cima, que de futebol perceba pouco mas que faça rezas no balneário, alguém que embirre que quer jogar assim porque quer. Provavelmente não ganharão à mesma! Mas durante uns tempos vão vender muitas bandeiras e ajudarão os têxteis… chineses e pôr os romenos à frente da TV, emocionados com o hino, a beber Bucegi e a acreditar que sim, é possível.


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Tuesday, July 15, 2008

Cadernos do Euro: Respeito por Donadoni

Antes de arrancar para o texto propriamente dito, há uma coisa que é importante deixar aqui bem clara: as minhas botas de futebol (agora designadas por “chuteiras”, nesta antecâmara da aprovação total e irreversível do tratado da língua brasileira) preferidas, de todas aquelas que usei, eram umas belíssimas Lotto Roberto Donadoni. Andei à procura aqui na internet de uma foto que ilustrasse a beleza daquelas ferraduras da relva. Mas não encontrei. Já lá vão catorze anos... perdão, quatorze anos, na altura acho que ainda nem máquinas fotográficas havia, quanto mais a internet e os computadores. Nessa época, o telemóvel era uma cena do Star Trek, a televisão era um objecto que tinha de vir com mulher (não havia telecomando) e os matrecos eram Benfica – sportém. Já se vê, portanto, ao tempo que isso aconteceu. Mas, isto tudo para dizer que eu respeito imenso Roberto Donadoni. Já andei com uma dessas em cada pé, com aquele símbolo da Lotto a verd... amarelo-lima fluorescente sobre fundo preto – que é como as “chuteiras” eram no tempo em que se chamavam botas de futebol. A minha Donadoni direita marcou mais golos do que a esquerda – incluindo um ao FC Alverca, na altura antro de recolha de meninos abandonados pelas escolas de alvalade (não havia cá Alcochetes). Mas foi com a Donadoni esquerda que marquei o melhor golo da minha vida, no Campo dos Sacrifícios, em plena Musgueira, debaixo de érbâzes e boingues, rodeado por vedação de três metros com arame farpado para ambos os lados. Inspirador. O pontapé foi de fora da área e entrou na gaveta. Foi a primeira e única vez que beijei Donadoni (a esquerda).

Olha, encontrei uma. É pequenina (eu calçava o 38, na altura), mas é este modelo, mais coisa, menos coisa.



Donadoni, entretanto, saiu-me dos pés quando pendurei as botas. Anos mais tarde, também ele pendurou as dele, pelo seu próprio pé, mas com as mãos, por ser mais fácil. Tornou-se treinador de futebol. Ambicioso, chegou a seleccionador de Itália. A squadra azurra, como os nossos comentadores lhe chamam. Os italianos chamam-lhes apenas “squadra” porque é assim que chamam a qualquer equipa “mia squadra é a Roma” ou “mia a squadra é il Inter” dizem-me os italianos de Erasmus que conheço ali na Típica, esse sítio sagrado, abençoado e bem regado de Alfama. Mas os nossos comentadores acham que chamar “squadra” deve ter o seu quê de militar ou assim e que a cena dá aquele tom guerreiro à coisa “eina que a squadra azurra vai entrar em campo... oh, valha-me deus, que eles vão levar tudo à frente” e isto é uma grande falácia porque toda a gente sabe que os italianos... eu não ia fazer piada sexual nenhuma com isto, a sério, estou apenas a falar do estilo de jogo: os italianos jogam sempre lá atrás, todos muito juntinhos, sempre de roda do Buffon. Toda a gente sabe disso.


Eu acho muito giro os italianos serem campeões do mundo. Quer dizer, é melhor do que ser a França. Porque os italianos são melhores. Mas prefiro as italianas. Olha, uma que eu gosto muito é aquela do Totti, a Ilari Blasi. Mas há mais. Escolho esta porque o Totti não jogou... cof cof... porque palpita-me que o Totti não vai jogar e, assim sendo, fica aqui representado no nosso blogue pelo lado mais belo do seu futebol.





Quanto à Itália, não tenho muito a dizer. Mas acho que este ano não ganham. Sempre a defender, sempre a defender... Se marcarem três golos em quatro jogos já é muito. Não me admirava nada que até a Espanha lhes fizesse a folha.

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Monday, July 14, 2008

Nem tudo na vida é bola quando se tem um Saab

A Suécia é a versão simpática da Alemanha. Simpática porque os jogadores não tem aquele ar austero e compenetrado, como se ganhar fosse a coisa mais importante num campeonato (Isso é para quem gosta de estatística! Na retina de quem aprecia futebol ficarão os pormenores de Arshawin, a garra do Pepe e a beleza do futebol holandês). Tal como os teutónicos correm que se fartam, segundo um plano completamente estruturado e de inabalável resultado. A diferença é que os suecos têm mais nível de vida e…maior intimidade com o mar.

Quem tem um pedaço de oceano à frente fica inevitavelmente romântico, ciente da precariedade das nossas vidas e da verdadeira dimensão da humanidade.

Em que é que isso faz diferença? Faz toda a diferença.

Os alemães não podem, assim do pé para a mão levar uma miúda à praia! Tem aquela nesga de água a Norte. O melhor que podem fazer é planear ir ao país seguinte. Por isso é que são práticos, sistemáticos e levam tudo a sério. Tem de se organizar ostensivamente para ver o Oceano.

Os suecos não! São românticos eficientes. Tem o mar pertinho, tem barco para dar umas voltas (nem precisam de embaciar os vidros do carro!) Estão nisso pelo gozo que dá. Planeiam a coisa, entram com a sua vontade viking mas depois dá-lhes para sonhar. Não se importam de perder mas dão luta até o fim. Praticam o futebol físico mas com um perfume de variedade o que os torna aquela eterna selecção que não sendo favorita nem nos importamos que cheguem às meias-finais.

Não se vê um sueco chateado por perder um jogo. Pelo contrário, juntam-se aos vencedores e vão beber uns copos. Sentem as coisas como uma festa e como mais uma hipótese de arranjar miúdas para andar de barco.

Não são como os latinos, para quem ganhar é uma questão de vida ou morte ou como os eslavos que não lutam pela a vitória, esperam que os outros percam.

Os suecos deviam ser sempre convidados para as fases finais da Europa e Mundial. Sabemos que não ganham mas têm virtudes.

Apesar de Ibraimovic – o único jogador verdadeiramente interessante dos nórdicos - seria uma façanha enorme alcançar mais do que o resultado obtido.

Mas o que interessa o futebol quando temos aquelas loiras disponíveis a ir no nosso Volvo (ou Saab) até a costa e navegarmos até um fiorde escondidinho para ver a aurora boreal?

Nota: No folclore Inuit (Lapónia), a aurora boreal era composta por espíritos de mortos jogando futebol com uma caveira de morsa pelo céu (Wikipedia).


Vinhas

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Monday, July 07, 2008

O dilema: levar até o fim ou ejaculação precoce?

Custa-me falar de uma das minhas favoritas e que ficou pelo caminho. No inicio do Euro, para mim, era limpinho que nas meias-finais estariam a Holanda, Croácia, Rússia e Rep. Checa. E porquê? Porque estamos sempre à espera de ver os grandes derrotados. Alemanha, Itália e França são países que gostamos que percam sistematicamente. São os filhos da UEFA, os outros são enteados.

Talvez se o Cech não tivesse imitado o Ricardo, poderíamos contar com os checos numa fase mais adiantada. Mas a Turquia lá fez a oração certa e seguiu caminho. Talvez se eles não tivessem aquele comportamento acomodado muito próprio do Leste europeu (“Esta bem, nós podemos jogar mais e melhor. Nós até somos bons nisso. Mas será que vai ser necessário? Não podemos fazer os serviços mínimos e passar? Se tivermos de nos esforçar mais, alguém nos compensará sobre este esforço? Valerá a pena?”).

Não foi por falta de matéria prima que os Checos não passaram. Tem uma selecção de respeito. E no entanto… mais uma vez se prova que uma estrutura defensiva não basta. Curiosamente os Checos fizeram tantos remates como os gregos mas marcaram 4 golos e não tem comparação a disponibilidade ofensiva destes sobre os helénicos. E no entanto… falharam no que tinham de melhor, a defesa. Sofreram golos impossíveis e que normalmente não sofreriam porque são certinhos e sólidos. E no entanto… jogaram com três sistemas de jogo diferente em três partidas (eu sei que a necessidade aguça o desenrasca mas estaria a equipa preparada para tanta variedade?). Sendo Koller um jogador que aprecio muito, sinto que acabou por ser um limitador do estilo de jogo que aquela selecção pode realizar.

De resto no rol das desculpas há que referir que apenas 2 jogadores ainda actuam no campeonato checo, o resto está em equipas de topo da Inglaterra, Alemanha e Itália, ou seja, ninguém vinha com menos de 40 jogos nas pernas.

Sobram questões para explicar o que se passou. Talvez apenas Kundera no seu estilo eslavo muito pessoal o explique:

'A ambição é uma desculpa esfarrapada por não se ser suficientemente preguiçoso.'


Vinhas


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Cadernos do Euro: Os lobos

O que deve fazer uma selecção muito fraquinha para estar presente numa competição internacional de futebol? Contratar um excelente treinador, capaz de milagrosamente galvanizar toda a competitividade e talento dos jogadores? Reforçar as estruturas de formação, numa estratégia de longe prazo, para fabricar e aperfeiçoar o potencial dos atletas? Naturalizar brasileiros?

Rapazes, rapazes… Tudo isso demora tempo e tem a sua margem de risco. Se queremos ter a nossa selecção fraquinha num Europeu de futebol, é fácil, organizamos a competição. Não é tão caro como contratar o Scolari e é garantido.

Ora isto foi o que fez a Áustria, numa demonstração exemplar de falta de amor-próprio e de ausência de noção do ridículo. Por isso aguardo para ver o Pogatetz, com os braços por cima do Patocka, a assassinarem ambos o hino nacional em convulsões histéricas, com os restantes companheiros a acompanhar, num quadro grotesco digno da selecção portuguesa de râguebi.

Ora uma selecção que tem entre as suas estrelas maiores um avançado de 38 anos e um jogador do Sp. Braga não pode ter uma ambição maior do que ter um jogador seu a fazer reclames para a Kompäl e outro na final do Dança Comigo austríaco. Mas é inegável que os grandes momentos épicos da história do desporto acontecem precisamente com ‘underdogs’, os desfavorecidos, aqueles coitadinhos que num momento de superação mística são agraciados pela N. Sra. do Caravaggio. E quem tem um guarda-redes chamado Macho, merece sempre a ajuda do divino.

Bem, não esperem que os austríacos venham a ser os próximos campeões da Europa, nem tão pouco que passem a fase de grupos. Nem mesmo que venham a ter o maior número de traineiras atrás do autocarro da selecção. Mas a exaltação levá-los-á a ficar com o seu nome associado a algum recorde do Euro. Que tal, por exemplo, ter o jogador mais velho de sempre a marcar um golo numa fase final do Euro. Hmm? Até se podia arranjar um penaltizito para o velho Vastic fazer história. Outro marco histórico podia ser fazer um pontito na fase de grupos e ficar á frente de uma equipa poderosa… Que tal ficar à frente da Polónia, que era, segundo o entendido que vai ganhar 20 M € em 3 anos no Chelsea, a equipa mais forte do grupo de classificação de Portugal? Já era porreiro, não era?

E já chega, que o dinheiro que gastaram no Euro também não permite milagres maiores do que esses…

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Thursday, July 03, 2008

Grécia

Benditos sois vós que dividistes as selecções e me confiastes a dita, a que provém do berço da civilização ocidental!

Já é sabido que, mesmo antes de Portugal ter perdido com a Grécia, não engraçava com os moços. Sempre olhei com desconfiança para um país que tem orgulho das suas ruínas! Aquelas coisas velhas, com ar de habitação social, tudo sem um telhado que proteja daquele sol tórrido, enfim…

Os gregos que se arrogam serem os construtores do pensamento ocidental e da democracia deviam era ter vergonha. Graças a eles temos de 4 em 4 anos escolher uns tipos de que não gostamos e de que nos queixamos até votar novamente. E a construção do pensamento ocidental? Tanta sabedoria para termos no fim as “Escolhas de Marcelo” num Domingo à noite, como se fosse preciso deprimir mais as pessoas.

Olhando aquela selecção, não podemos deixar de imaginar a influência da cultura grega na filosofia do jogo que executa.

O treinador, um Eleata, esperava que o título indevidamente conquistado em Portugal levasse a que os adversários os encarassem com algum respeito e temor e… não jogassem para que eles pudessem marcar o seu golito e meterem-se todos lá atrás e assim caminhar até à vitória final! Qual Parménides, esperava que tudo estivesse na mesma!

Mas nem depois do primeiro jogo tiveram a percepção da realidade. Estavam velhos e queriam regressar a Ítaca o quanto antes para uma Penélope de bigodaça qualquer!

Foi assim que levaram 9 defesas, 5 médios e 6 avançados, porque os médios gregos são só para enfeitar. Não há jogo a construir, só a estragar! Não tem um criativo, nem jogam um futebol criativo; nem sequer é catenaccio, é mesmo retranca.

Em três jogos remataram 34 vezes! Dá 11 por jogo. Nem o Aves quando andou na Bwin tinha esta média! Podem sempre dizer que os alemães remataram ainda menos, mas é preciso ver que eles acertavam na baliza.

Depois a maior parte deles é um caso de geriatria. Foi a selecção mais velha do Euro, com 9 jogadores acima dos 30 anos.

Nada de especial. Também os filósofos tinham aquele ar de sem abrigo cuja reforma não dava para ir ao barbeiro.

E foi assim que de Epicuristas à chegada passaram ao Cepticismo final.

E agora estão na caverna, como no mito e esperemos que não saiam de lá!


Vinhas

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Wednesday, July 02, 2008

Simpáticos mas um bocado falsos

Há uma lenda na terra da minha mãe que fala de um tal 'Alemão', que na realidade seria um polaco fugido de uma batalha desastrosa, que por lá se radicou e teve família da qual descenderia o meu avô. Ora si non é vero e bene trovato, e pronto, tenho simpatia pelos polacos. É certo que essa simpatia é algo prejudicada pela dinastia Smolarek. O Wlodzimierz espetou-nos uma derrota nos idos de 1986, no México - ainda por cima, sim, sim, foi no Mundial que não existiu, aquele em que a nossa selecção ficou numa terra chamada cof, cof, herrrr... Saltillo, pronto, pfffffff.
Como se isso não bastasse, vinte anos depois vem o Smolarek filho e que faz? Pois uma derrota na Polónia, por dois, sim, dois golos a um (sim, eu vi, a Amélinha marcou) e os dois marcados pelo Smolarek - num deles teve a colaboração do Costinha e do Ricardo Costa que brilhantemente chocaram um com o outro na grande área ficando estatelados no chão, o que em muito facilitou a tarefa do nosso (deles) Smolarek. Começo a suspeitar que os polacos são um bocado falsos. Depois, há um detalhe irritante, o rapaz chama-se Euzebiusz, e marcou-nos um golo que lembrava mesmo os tempos áureos do Pantera Negra. Em suma, parece de propósito para aborrecer, e aborrece. A verdade é que na fase de qualificação não conseguimos ganhar à Polónia, empatámos a duas bolas em casa no jogo da segunda mão, e o primeiro golo polaco foi uma recarga de remate de... claro, do Euzebiusz; o segundo foi uma bolinha que embateu no poste esquerdo e depois nas costas do Ricardo... provavelmente entretido a berrar com os colegas da defesa, como é seu hábito. Não bastava o nome Smolarek lembrar um Mundial que não existiu (eu não me lembro, alguém se lembra?), chamar-se Euzebiusz e ainda fazer-se notar marcando golos à Pantera Negra? Espaçoso, é o que é!
Adiante, passo então à análise da participação polaca no torneio. E pronto, a Polónia tem tudo para ser a última do grupo, até porque Portugal está noutro grupo. É isso, foram buscar o Leo Beenhakker depois do brilhante mundial da selecção de Trinidade e Tobago, e não foi para mais nada, foi para nos humilhar na qualificação. Chegaram ao torneio exaustos e fora de forma, naturalizaram o Guerreiro para fazer o golo de honra e baixaram os braços. Algo se passa com a Polónia, parece que têm alguma coisa contra nós, Lech Kaczynski assinou alegremente o Tratado de Lisboa, porreiro pá, mas afinal estava apenas à espera da primeira oportunidade para dar-lhe uma facada, por ser de Lisboa? É pá, o gajo parece-me um bocado falso, essa é que é essa.
Tenho por certo que se o Beenhakker puser o Euzebiusz a jogar contra a Croácia, o moço é capaz de se enervar e marcar, tem é de ser antes dos 55', que o rapaz precisa de aquecer muito estes dias. Mas desenganem-se, vão para casa e em último do grupo, pronto, melhor do que a participação grega, mas essa nem devia contar. Bem feita, não por não serem simpáticos, mas por serem um bocado falsos.

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Tuesday, July 01, 2008

Cadernos do Europeu: dantes era o Platini

Num Europeu marcado a ferro em brasa pelo fenómeno da emigração, torna-se incontornável: é preciso começar pela França, esse símbolo universal para os portugueses, em geral, e para os tugas, em particular, do “estrangeiro”. Eu, para a França (ou frrráánce em porrtüguês d’août no aut Minho), vou fazer aqui uma data de previsões e de análises bem catitas. Trés jolies.

Eu acho que a França não tem equipa para passar da fase de grupos. Muito menos, no “grupo da morte”. Mais: com aqueles velhadas em campo, era equipa para levar uma cabazada da Holanda, cheia de putos frescos daqueles que prometem muito e que depois, vai-se a ver, e valem tanto quanto o Pourrtügal. O melhor jogador da França é o mesmo do costume – provavelmente, o mais injustiçado avançado dos últimos anos -, o Henry. E estou em crer que será o único franciú a fazer o gosto ao pé. É o único com qualidade para isso. Não desgosto do Ribérry. Mas é um jogador que me faz lembrar o Sérgio Conceição. Corre por toda a equipa, remata por toda a equipa, defende por toda a equipa, cruza por toda a equipa, bate por toda a equipa, cospe por toda a equipa, reclama por toda a equipa e, no fim, acaba mesmo por se esquecer de toda a equipa. É o chamado jogador quarésmico, mas em trabalhador. Conceiçónico, portanto. Por acaso, com a velocidade e irrequietude, ficava melhor “conceissónico”, com “ss”. Se calhar fica antes assim. Tem impacto junto do leitor que percebe logo a intenção, a cena do “sónico”, “conceissónico”. Hum...

Depois tem aqueles gajos que eu ainda não percebi se são bons. Dantes a França, com os companheiros de escola do Makelelé, do Thuram, do Henry, etc., tinha gajos que pareciam bons e que, ao mesmo tempo, eram bons. Mas metade dessa equipa de quarentões já saiu da formação inicial. Por um lado, dá velocidade ao jogo. Mas, por outro, não apela tanto ao sentimento e, estou convencido, a TVI perdeu até audiências – as velhinhas preferiram ver os velhinhos enternecedores da SIC aos pulos com a selecção portuguesa a perder horas frente ao televisor a olhar para apenas meia-dúzia de “jovens” de meia idade aos pulos pela selecção lá da França. Mas dizia eu que aquela juventude toda, tipo Malouda (terá o quê? 27? 28 anos?), ainda não são jogadores completos. Nesse aspecto, o Ribérry é um fenómeno.

Depois temos o Domenech. Para já, um gajo que parece o Alan Rickman não merece respeito. Basta lembrarmo-nos do Robin dos Bosques, Príncipe dos Ladrões (lembram-se da música do Brian Adams do everything I do, I do it for you? Lembram? Ficou a rodar, sem misericórdia, na vossa cabeça? Náice... Trés jolie, trés jolie) para sabermos, desde o início, que aquele gajo tem muito mau feitio e que, mais cedo ou mais tarde, vai levar uma naifada ou coisa que lhe valha. Naifada? Ora, chamem os italianos... Não duram nem 25 minutos!

Eu acho que França não vai fazer boa figura neste Europeu. A França tem jogadores – para além do clássico Makelelé – chamados Toulalan, Mandanda ou Boumsong. Será que vamos poder vê-los no Festival de Sines? Fica a questão. Dantes, chamavam-se Platinis...

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Cadernos do Euro

Como os nossos prezados leitores terão notado, quase não escrevemos sobre o Euro 2008, tirando a honrosa excepção do Férenc, com acertadíssimas previsões, o resto da redacção entrou muda e saiu calada. Não por falta de vontade de dar o seu palpite, mas por inconveniências profissionais que muito nos contristaram. Eu confesso que foi uma dificuldade ver bocadinhos dos jogos da fase de grupos, uma tristeza. No entanto estamos apostados em tratar o assunto, à posteriori, como convém, que neste torneio os prognósticos nem depois dos 90', que nos descontos houve quem atirasse abaixo a mais avisada previsão. Agora com a Taça já entregue, esta laboriosa redacção vai dar os seus palpites sobre a participação de cada uma das dezasseis selecções europeias, numa série a que chamaremos 'Cadernos do Euro' e que será distinguida pela respectiva etiqueta.
Preparem-se os nossos leitores para animada discussão com as mais acertadas previsões e leituras - sugiro a leitura de um fino bem tirado, acompanhada de tremoços, revelar-nos-à sem margem para dúvidas as verdadeiras razões de terem sido os espanhóis e não nós a trazer a taça para casa.

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