Monday, June 25, 2007

Receita para um grande clube (Souflé de S.L.Berardo)

Ingredientes:
Um capitalista abastado com relações com o Estado;
Um Presidente;
Um maço de SG Ventil;
50 Cotonetes;
Uma jornalista;
Acções de SAD desportiva.
Coloca-se o capitalista em vinha de protagonismo mediático durante três meses, temperando-o com OPA, arte contemporânea e especulação bolsista.
Deixe marinar.
Entretanto, faz-se uma massa com acções desvalorizadas, um presidente com dificuldades de articulação do discurso. Amassar insistentemente até ficar com um tamanho diminuto. Juntar SG Ventil e deixar levedar até o ponto de desaparecer.
Com um pouco da massa, faz-se um molho de jornalista (a massa é para engrossar!), juntando folhas, gravações de entrevistas maldizentes até ficar em ponto de livro. Serve-se o livro à Comunicação Social de Lisboa para ganhar consistência.
Quando estiver a ferver em ponto de Processo, põe-se alguém a procurar queixas arquivadas e desarquiva-se para mantê-lo picante.
Entretanto o capitalista esta pronto para investir os ganhos especulativos e a transferir o subsídio do Estado. Inchado até o ponto Abramovic, deixa-se desabafar contra símbolos do clube e dar palpites sobre a equipe até ser necessário continuar a apimentar o molho para não dar nas vistas.
Depois de pronto para assumir os destinos do clube, compram-se jogadores caros, para juntar a massa que vai sendo regada com o molho de jornalistas.
Com tudo devidamente ligado, põe-se num estádio a cozer uma época à espera do fim do campeonato.
Pode ser servido de duas maneiras: com título, faz-se a grande festa e cantam-se loas a visão do homem que devolveu a glória ao cozinhado; sem título, frita-se o presidente em torresmos e vende-se devagarinho junto com as acções e jogadores para cobrir o prejuízo.
Ah! Os cotonetes são decoração.


Vinhas

39 Comments:

At 5:30 PM, Blogger Helena Henriques said...

Eu cá acho que faltam os couratos - torresmos hummmm

 
At 6:31 PM, Blogger Diego Armés said...

"A comunicação social DE LISBOA". :D

Adorável. Simplesmente adorável.

 
At 6:33 PM, Blogger Helena Henriques said...

Ah, pois. Senão era a da paisagem.

 
At 10:19 AM, Blogger Efe said...

Adorável, Diego!

 
At 11:41 AM, Anonymous Anonymous said...

Sim, a CS de Lx! Sim e depois! As notícias que se fabricam em território nacional têm uma e só uma fonte origem e difusão. Lx.

O JN, enquanto jornal de expressão nacional vale o que vale, o Monte da Virgem é uma antena, as rádios do Porto são de grupos de radiodifusão de Lisboa (salvo as excrescências regionais). Até o Rivoli foi parar a um padrinho de Lx para transformar a pr. D.joão I no parque mayer!

É uma evidência, uma queixa e um lamento!

 
At 2:42 PM, Blogger Efe said...

Bem falado, caralho!

 
At 4:15 PM, Blogger Diego Armés said...

Vá lá, não sejam ridículos. A sério. O que é que é isso da Comunicação Social de Lisboa? Que trauma, pá... Canais de televisão especificamente do Norte e jornais explicitamente voltados para o público nortenho, conheço. O resto, parece-me, são só queixas.

Quanto ao La Féria - e esta discussão já a tive nos bastidores -, daqui a dois anos falamos.

E descansem, a gente não vos quer tomar a cidade de assalto. Podem ficar com ela.

 
At 4:54 PM, Blogger Helena Henriques said...

Não há como um macrocéfalo da capital para dar palpites sobre a paisagem. Pois, que bom, temos o La Féria e as Cinhas e Lilis, marabilha, nunca tínhamos visto coisas tão fantásticas. Que se lixem o que se vai fazendo nas artes performativas por esse mundo fora - qual Meg Stuart, qual Alain Platel, qual Bill T Jones ou Forsythe. Há escolas de artes, então porque não ver o La Féria e as Cinhas. Quem quiser mais que vá à Culturgest a .... Lx. Na paisagem uns musicais já dão para cantarolar e ver o jet 77 que vem cá à fêsta e de passeio - se não chover. Assim, vamos animar a baixa - ou fugir de uma vez por todas de lá. Olha, já agora, acaba-se o fcp, trazem o glorioso fazer jogos com a equipa b, isso é que era bonito. Hummmpffff

 
At 5:03 PM, Blogger Diego Armés said...

:)

Minha querida, apenas fazemo questão de partilhar convosco as nossas "marabilhas". Toda a gente, mesmo na paisagem, tem direito a um avistar de Cinha, nem que seja de relance.

Sobre La Féria's, também por cá tem teatro. A ideia não me agrada, mas está cheio sessão sim, sessão sim. Não gosto, não me agrada. Mas pelos vistos há - e muito - quem goste. Ora, se os teatro são municipais, da população das cidades, parece-me que ganha a maioria. Além do mais, há outras (boas) salas de teatro...

E, só para esclarecer, o La Féria não faz revista à Parque Mayer. Isso é outra história...

Sobre a extinção do folcuporto, é um projecto que há muito me ocupa os tempos livres. Tenho andado em reuniões com o comendador madeirense para acertar detalhes. E para que não digam que somos má gente, não vos deixamos com os b's do Benfica: ressuscitamos o Salgueiros - clube histórico exterminado por mãos portuenses.

Sobre a macrocefalia: isso é um mito. Eu tenho é uma cabeleira farta.

Se houver dúvidas, reclamem mais um bocadinho.

 
At 5:14 PM, Blogger Efe said...

Pois... o problema não é o parôlo do La Feria (que representa o que Lisboa tem de mais genuíno), é mais o putedo que trouxe atrás...

 
At 5:14 PM, Blogger Helena Henriques said...

:D claro, ainda se mandásses para cá o mar da palha - mas não, mandas o jet 77 e o La féria, porque será que nós, ingratos, ainda nos chateamos? se calhar tinhamos melhor. Eu não tenho nada contra musicais (já agora, contra revistas também não, e muito bem sr. diego, são géneros diferentes, vejo que um entendido em artes performativas), agora acho que o Teatro Municipal deve garantir diversidade. Mais, acho que arte deve ser apoiada, mas arte implica uma forte reflexão, um ser basicamente pensante. O musical encaixa melhor em entretenimento, logo não tem que ter condições especiais criadas pelos meus impostos. Lamento.

 
At 5:26 PM, Blogger Diego Armés said...

Ok, aí já é uma opinião fundamentada não no facto de o gajo ser de Lisboa mas numa forma de investimento em prol da arte. Sendo assim, aceito perfeitamente. E até concordo (em parte, pelo menos).

Quanto ao que Lisboa tem de mais genuino, isso é mesmo o putedo. Bichanisse dançante não é exclusiva daqui. Para mais esclarecimentos, um dia destes faço-te um mapa.

 
At 5:32 PM, Blogger Helena Henriques said...

Agarrem-me que eu mato-o!!! >:-|

Agora arma-se em consensual e civilizado, contemporizador mesmo.
Que nervosssss!!!!! O raio do cretino lisboeta e lampião!

 
At 5:47 PM, Blogger Diego Armés said...

Não sei se já alguma vez vos falei da minha opinião acerca da tradição do alho pôrro no nariz dos outros e das marteladas em cabeças alheias durante os vossos festejos populares. Falei? Um dia destes, dissestarei sobre o assunto, contextualizando essas práticas numa perspectiva de acto civilizado na era pós-descobrimentos, como forma... err... original de manifestação de alegria.

No fundo, nós gostamos imenso de vocês. Há particularidades deveras encantadoras nos vossos modos, nos vossos costumes, na vossa postura...

 
At 5:54 PM, Blogger Ka_Ka said...

Em qualquer cidade, vila ou aldeia de Portugal a parte velha é sempre mais bonita do que a nova?

 
At 5:55 PM, Blogger Ka_Ka said...

Em qualquer cidade, vila ou aldeia de Portugal a parte velha é sempre mais bonita do que a nova?

 
At 6:11 PM, Blogger Diego Armés said...

Tricky question...

Há cidades em que a parte velha está a ser feita de novo e em que a parte nova está a cair de velha... Temos um caso bicudo.

Se se responder "sim" o assunto fica arrumado?

 
At 10:16 AM, Blogger Efe said...

ahahahah, grande inspiração, a do Diego!

 
At 12:30 PM, Blogger Helena Henriques said...

Sem dúvida que encantador, encantador é o nosso bardo Diego. Não apenas se encanta com aspectos etnográficos aqui da terra (certamente que de outras terras também), que acha assim, encantadores, queridos sei lá, mignones; como opina acerca de ordenamento do território em resposta displicente a quem o questiona. Enfim, um poço de inspiração, como diz o José, cujo limite está no encarnado, digo eu.

 
At 3:34 PM, Blogger Diego Armés said...

O segredo estava na pergunta, meus caros. Não quero os louros todos para mim...

 
At 4:01 PM, Blogger Efe said...

Sabem porque é que chamam alfacinhas aos lisboetas e não saladinhas?...

 
At 4:05 PM, Blogger Helena Henriques said...

Não sejas aldrabão Diego, se te derem os louros até os queres (calculo que prefiras as loiras).

E não José, não faço a menor ideia porque é que os lisboetas não são saladinhas :D

 
At 4:55 PM, Blogger Diego Armés said...

A Helena fala tão bem quando quer...

E José, isso é um mito. Aliás, sabes o que é que se costuma dizer por cá dos gajos que têm muita garganta?

 
At 4:55 PM, Blogger Efe said...

AHAHAHAH, Helena!

Não são saladinhas porque lhes faltam os tomates...

 
At 4:56 PM, Blogger Efe said...

A Helena fala bem e pensa ainda melhor. Pena é ser portista...

 
At 5:23 PM, Blogger Diego Armés said...

Será o José um exemplo a levar em conta no que respeita ao "portuense-tipo"? Esperemos que não. De qualquer forma, devo dizer que o que mais falta são mesmo as cebolas. O resto, como disse, é mito. Caramba, a zona saloia é mesmo aqui ao lado...

 
At 5:26 PM, Blogger Efe said...

A zona saloia é aí! Informa-te.

 
At 5:47 PM, Blogger Diego Armés said...

Ora, a zona Saloia começa em Belém, vai por aí acima, Benfica e tal, depois galga o vale e os montes, estende-se por Caneças, Belas, Loures, Lousa, até que chega finalmente perto da civilização, ali pela Venda do Pinheiro e Malveira. Se se esticar mais um bocadinho, chega a Mafra, mas aí já se trata de um sítio extremamente cosmopolita, que não pode ser misturado neste embrulho de coelhos, lavadeiras e hortaliças. Ora, fique o meu caro amigo sabendo que me encontro em - e costumo existir por - Picoas, Bairro Alto, Cais do Sodré, Graça e Alfama. Não digo que não exista gado por estas zonas, mas será seguramente de raças diferentes. Esclarecido?

 
At 5:48 PM, Blogger Efe said...

Obrigadíssimo, mas já sabia isso.

Charolês?

 
At 5:54 PM, Blogger Diego Armés said...

Não, obrigado. Acabei de comer um pão com chouriço.

 
At 7:47 PM, Blogger Helena Henriques said...

Mas afinal, onde pensam que estão? Cebolas e tomates, alfaces e chouriço? Mas isto é o Dianabol ou o Bolhão? Vamos lá a falar de bola? Mau! E isto também é para ti, ó cabeçudo da cabeleira farta!

 
At 7:56 PM, Blogger Diego Armés said...

o_O

Olha, olha... Querem lá ver?...

 
At 10:06 AM, Blogger Efe said...

A Helena anda estranha, para melhor. Sei lá, gosto mais dela assim.
Só espero que não lhe dê para insultar toda a gente, senão o meu coração não aguenta...

 
At 12:30 PM, Blogger Helena Henriques said...

o_O
Mas eu insultei alguém? Não fui eu que afirmei isto: "Sobre a macrocefalia: isso é um mito. Eu tenho é uma cabeleira farta", ok, não é muito bonito chamar cretino, era mais lorpazinho e peço desculpa, excedi-me, mas quando dizem disparates sobre o Porto, estala o verniz. Pronto, está bem, realmente passei as marcas da assertividade ._.

 
At 2:28 PM, Blogger Efe said...

Nada disso, as verdades são para se dizerem.

 
At 2:53 PM, Blogger Diego Armés said...

Olha...

"I Wasn't born with enough middle fingers", como diria o nosso estimado Marilyn Manson.

Chatos, pá...

 
At 2:55 PM, Blogger Efe said...

Experimenta Quitoso...

 
At 12:22 PM, Blogger Férenc Meszaros said...

Um agora é 'José'. O outro já não é 'Guitarrista'. E para confundir mais o pessoal, até o Vinhas já escreve alguma coisa com graça. A tradição, ai a tradição...

 
At 10:35 AM, Blogger Helena Henriques said...

Mau feitio, mau feitio...

 

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