Friday, April 27, 2007

Tenho aqui umas dúvidas...

A propósito do "conselho" que a PSP de Lisboa deu à claque dos Super Dragões ("voltem para trás..."), quando esta chegava a Lisboa para assistir ao jogo de hóquei entre Benfica e Folcuporto, vários dirigentes e comentadores portistas têm aproveitado para, num exercício de algum contorcionismo moral, defender, uma vez mais, que a culpa do que aconteceu no Benfica - Folcuporto, em futebol, foi culpa do clube da Digníssima e da polícia de Lisboa. Só por si, a coisa já é ridícula. Mas Alcides Freire, do jornal O Jogo, terá pensado para consigo "ridículo?! Meus amigos, já o meu pai era estúpido e eu sou fiel às tradições!". Vai daí, escreve o senhor (pág. 14): "Na altura, não pareceu perigoso [ao Benfica e, deduz-se, à PSP] ter milhares de adeptos por cima de adeptos rivais". Este raciocínio, simples na forma e de uma singeleza tocante no conteúdo, não deixa de me despertar uma questão inquietante: se tivessem ficado os portistas em baixo e os benfiquistas em cima...? Como era? Os "adeptos rivais" já não ficavam por cima de outros adeptos? É isso? Estou um pouco confuso... A sério: estou aqui de roda maquete do estádio, com os bonecos do Subbuteo a tentar perceber o esquema...

Monday, April 23, 2007

Treinadores de Bancada

As críticas generalizadas que recentemente dirigidas ao Fernando Santos fizeram com que eu não resistisse à tentação de propor aos leitores um exercício: aqui está o plantel que o Eng.º tem para gerir. Agora, venham daí essas ideias na gestão do plantel, essa táctica que faria a diferença ou a vitória frente ao Sportém!

Plantel
Nº; Nome; Posição; Jogos; Golos
1 - Moreira; Guarda-Redes; 10; 0
12 - Quim; Guarda-Redes; 25; 0
31 - Moretto; Guarda-Redes; 1; 0
2 - Pedro Correia; Defesa Lateral Direito; 0; 0
22 - Nélson; Defesa Lateral Direito; 24; 0
3 - Anderson; Defesa Central; 16; 0
4 - Luisão; Defesa Central; 17; 2
23 - David Luiz; Defesa Central; 6; 0
5 - Léo, Defesa Lateral Esquerdo; 23; 1
11 - Miguelito; Defesa Lateral Esquerdo; 7; 0
6 - Petit; Médio Defensivo; 21; 3
8 - Katsouranis; Médio Defensivo; 25; 6
16 - Beto; Médio Defensivo; 6; 0
28 - João Coimbra; Médio Defensivo; 9; 0
7 - Marco Ferreira; Médio Ala Direito; 0; 0
18 - Manú; Médio Ala Direito; 9; 0
10 - Rui Costa; Médio Ofensivo; 10; 0
25 - Nuno Assis; Médio Ofensivo; 14; 1
26 - Karagounis; Médio Ofensivo; 22; 2
15 - Paulo Jorge; Médio Ala Esquerdo; 11; 1
20 - Simão; Médio Ala Esquerdo; 24; 11
9 - Mantorras; Avançado; 13; 1
21 - Nuno Gomes; Avançado; 23; 6
27 - Derlei; Avançado; 9; 0
30 - Miccoli; Avançado; 18; 7
Ah, limitem-se ao plantel, verifiquem castigos e boletins clínicos (façam alguma coisa!).
:)

É semana de derby

Pronto, era só para avisar. Sou capaz de andar mais nervoso durante estes dias. Especialmente, porque tudo corre mal. Até o Alecsandro faz hat-trick's. Mau presságio... Ainda por cima, com o Eusébio no hospital. Hummmm...

Monday, April 16, 2007

A Matrafona


Em tempos de crise, acontecem uma série de coisas de que a sabedoria popular nos dá conta: os barcos afundam-se e os ratos são os primeiros a fugir, deixa de haver pão e toda a gente ralha e ninguém tem razão e depois as comadres zangam-se e as verdades sabem-se e mais não sei quê. Como os meus popularuchos leitores tão bem sabem, a minha sabedoria não é nada popular. É, isso sim, bastante erudita até e disponível apenas para uma pequena elite que teve a sorte e a bênção de ser educada por um siciliano típico, de manápula lesta e pesada e pica-rim na algibeira. Portanto, em caso de crise o que é que a minha sabedoria manda que eu faça? Encontrar um culpado. Um alvo a abater. Um pulha. No fundo, o Derlei.
À primeira vista, o que não falta no Benfica são candidatos "derlei". Desde o treinador ao lateral-direito, passando por aquele de quem se diz que é central e acabando no difícil de contextualizar quarteto de pontas-de-lança - o mais temível que o terceiro anel algum dia vislumbrou -, há ali uma verdadeira estirpe derleia. É muita derlice junta. Diria mesmo que, quando negociou com o Dínamo de Moscovo, Luís Filipe Vieira não foi buscar apenas um jogador mas antes toda uma filosofia de jogo, uma maneira de estar em campo e na vida.
Era precisamente sobre esta maneira de estar em campo e na vida que eu pretendia falar. Porque, por mais derlismo que se espalhe pelo balneário encarnado, analisando a coisa com frieza, conclui-se facilmente que Derlei só há mesmo um: é aquele lá ao fundo com um cabelo extremamente estranho. E, lá está, aquilo não é, infelizmente, uma cabeleira que Derlei use apenas quando entra em campo. Não. A coisa vai mais fundo: é mesmo o seu cabelo natural, a sua imagem de marca, o seu look ousado. Muito à frente. Aliás, no Carnaval de Torres Vedras, faria um tremendo sucesso. Esta história agora aqui do Carnaval de Torres Vedras caiu, aparentemente, de pára-quedas. Mas isto apenas para os mais distraídos, que não atentaram no título da prosa e que, assim sendo, não conseguiram prever que eu forçasse a conversa até ser obrigado a dizer a palavra: matrafona.
Pegando do excepcional início deste texto, temos que chamar "derlei" a uma pessoa já de si chamada "Derlei" é capaz de criar alguma confusão na cabeça do leitor. Por isso, e pelo seu peculiar e engraçado aspecto, e ainda pelos tiques no andamento e na maneira como baila e desfila atrás da linha de fundo antes de o engenheiro proceder à substituição - e mais: chegando ao ponto de homenagear uma tão bonita tradição quanto o é o Carnaval torrense -, decidi que o... "jogador" (ou lá como designa aquilo na gíria futebolística...) passe a ser tratado neste espaço como "a matrafona". E, sempre que a coisa correr mal, já sabem: a culpa é dos derleis, em geral, e da matrafona, em particular.

Wednesday, April 11, 2007

O Benfica - visto por e-mail

(Aproveitando uma troca de impressões, por e-mail, com um amigo meu, aqui fica o que penso sobre o Benfica, neste momento, e o que está mal na equipa... sem alterações. Perdoem o tom, mas isto é conversa entre amigos, não era suposto ser publicado.)

Bom, primeiro acho que a Taça UEFA sempre foi uma miragem. É ilusão e é errado pensar-se que numa prova a "perdes, sais", olhas para o quadro de potenciais adversários e dizes "epá, isto é alcançável". Se nenhuma equipa em prova pode dizer isso, o Benfica muito menos pode fazê-lo quando existem ainda Werder Bremen, Tottenham e Sevilha em jogo - os últimos ganharam a UEFA o ano passado e lutam pelo campeonato espanhol, por exemplo.
Sobre o campeonato, penso que estamos perante outra ilusão. E que é simples de explicar: tínhamos uma desvantagem de 9 pontos para o Porto ao fim da primeira volta. O facto de termos recuperado, temporariamente, a desvantagem para um ponto, foi também altamente alucinogénio. Já falámos muitas vezes sobre os ciclos de forma e, a não ser que tenhas um plantel à Manchester, precisas de ser um Mourinho para gerir com eficiência todos os altos e baixos da época. Ou seja: se o Benfica apanhou as escorregadelas do Porto, é natural que o Porto, agora recomposto, venha a ganhar com as escorregadelas (naturais) do Benfica. Onde é que está a desvantagem do Benfica? Perdemos muitos pontos na primeira volta, enquanto o Porto só teve um empate (em Alvalade) e uma derrota (em Braga). Ou seja, enquanto eles vivem de dividendos, nós esperamos pela sorte e pela melhoria de forma... Daí que a vitória na Luz, frente ao Porto, fosse fundamental. Daí que foi mau termos ganho ao Estrela na jornada anterior, como eu te tinha dito - tirou-nos a "obrigação" de ganhar ao Porto por causa das matemáticas...
O problema que agora existe - e concordo 100% contigo nessa história do Nelson
(n.r.: defende ele que o Nelson pode vir a entrar para o pior onze da história do Benfica...) - não é, porém, irresolúvel. Embora eu não acredite que ganhemos qualquer das competições - se ganharmos qualquer uma, será um grande feito! -, penso que ainda podemos fazer boa figura nas duas. Está na mão do treinador. É verdade que faltam peças nucleares. Mas também é verdade que nunca se testaram devidamente as alternativas. E se, cá atrás, as coisas não estão bem, lá na frente também tem sido tudo resolvido à base de Simão e pouco mais. Eu vejo o Miccoli a passar 70 minutos sobre a relva a passear e a levar as mãos à cara. E vejo a primeira opção nas substituições ser aquele ridículo do Derlei. E depois o Man-10minutos-torras a entrar e a criar perigo a sério. Isto é só um exemplo. Mas há mais. O Benfica tem em Nelson uma nódoa. Mas tem no banco um lateral - esquerdo, é certo - que sabe defender e que sobe muito bem, o Miguelito. Com as exibições que o Nelson tem feito e, sobretudo, com a falta de concorrência - que ele sabe que não existe -, eu arriscava mandá-lo para o banco um jogo, para lhe dar "motivação". O Miguelito não faria pior que ele a não ser que fosse expulso depois de marcar dois autogolos e cometer um penalty. No meio campo é capaz de ser mais complicado. Mas eu acredito que uma estratégia só faz sentido adaptando-se aos jogadores, e não o contrário. Logo, se não há pernas para jogar um jogo apoiado, a toda a largura, que se aproximem os jogadores, em poupança de esforço, e que a progressão se faça pelo seguro, não desperdiçando sprints à linha, por exemplo, para depois tirar cruzamentos absurdos para a cabeça dos centrais adversários. O esforço gere-se de várias maneiras, mesmo tendo os jogadores em campo. É preciso é ter inteligência e perceber-se onde estão os erros - ao contrário de insistir em "soluções" que acabam sempre da mesma maneira: não se marcam golos e desgasta-se a equipa. Isso tem consequências, obviamente.

Tuesday, April 10, 2007

Francesco Totti

Francesco Totti vai ao centro do relvado e agradece com aplausos os aplausos.
Francesco Totti, o maior símbolo da AS Roma da era moderna, é um jogador muito acima da média. Provavelmente, dos melhores playmakers do mundo. Provavelmente, não dá nas vistas porque a Roma, clube honrado mas modesto, também raramente dá nas vistas. No entanto, foi às costas de Totti que a Roma juntou os seus últimos títulos e atingiu a grande montra europeia, chegando mesmo a ser tida como "temível" por adversários que não fossem os gigantes do costume.
Na passada semana, Francesco Totti foi, como muitas outras vezes fora, o rosto de uma Roma orgulhosamente vitoriosa, ante um adversário que é sempre de ter muito respeito e todos os cuidados e que, na presente época, será, porventura, a melhor equipa da Europa (não venha o Bayern trocar-me os prognósticos...), ao contrário do tão propalado Inter milanês, equipa de vitórias à secretária, com uma escola de flops superior ao do reformatório da quinta de Alcochete e um historial de compras quase tão desajeitado quanto o pé direito de Maria Amélia na hora de fazer o golo.
Francesco Totti não tinha hoje rosto para dar cara, mas deu-a na mesma - engelhava os olhos e o olhar que sobrava ficava assim meio perdido entre uma multidão que o aplaudia, algures entre a compaixão fácil de um ser humano de barriga cheia e a admiração do ser humano que sabe o verdadeiro peso da derrota, daquelas derrotas que deixam as pessoas no chão, incrédulas, sem força sequer para se revoltar.
Francesco Totti, que podia ser muito mais milionário do que é, mas que gosta da camisola que usa de uma maneira rara, cada vez mais rara entre os colegas do ofício, estaria a chorar se estivesse na bancada. Disso, tenho a certeza. Mas ali, no meio do campo, depois da tragédia, a seguir ao banho de sangue - que a Totti de certeza que aquelas bolas naquelas redes doeram mais que outras dores, feitas por coisas menos redondas e em sítios menos esburacados -, depois do massacre, Totti foi ao centro do campo e aplaudiu agradecendo o aplauso dos que vibraram sete vezes com a sua humilhação e as ofensas daqueles que por sete vezes o amaldiçoaram do fundo do coração. É por isso que Totti é diferente de todos os outros: faz-me admirar-lhe a arte quando ganha, reconhecer-lhe o talento quando perde e, a partir de hoje, invejar-lhe o espírito quando é esmagado. Avé Totti!

Monday, April 09, 2007

Clássico: inmentiras, inverdades e outras barbaridades


Uma vez que o meu caro co-blogger optou por demonstrar a sua mundividência encarnada, imbuída de pluralismo orwelliano e inegável apreço pelos adversários de contenda, particularmente por cores verdes e azuis, principalmente às azuis, querendo democraticamente esverdeá-las chegando assim ao postulado de que todas as cores são iguais, embora a encarnada seja mais igual que as outras. E tudo isto a propósito do clássico da jornada 23 (o que é obra), senti-me, claro, no dever de pegar no material de costura, dar folga ao Vinhas e responder via post. Começo pela questão das claques. O comportamento dos Superdragões foi inaceitável, mais uma vez, e o clube já tarda em aplicar-lhes uma sanção. Chega de deixar a culpa solteira e de fazer de conta que não é nada connosco, a claque apoia o clube, tem para isso benesses (preços de bilhetes, viagens, etc...), então, nada mais fácil do que cortar estas vantagens; e não me venham os dirigentes da claque dizer que os tais indivíduos não faziam parte, que eram uns anónimos malfeitores (talvez até benfiquistas, dirão alguns mais radicalmente tontos). A claque que se organize, que garanta que os seus membros se comportam de forma a não incomodar os cidadãos que têem direito a não ser importunados enquanto fruem um jogo de futebol. E isto quer sejam adeptos do seu clube (veja-se a infeliz prestação dos Superdragões no jogo Porto - Braga), quer sejam adeptos dos outros clubes. Lembro até, às claques que, o futebol de que todos gostamos, joga-se com duas equipas, o que naturalmente dá origem a duas claques, e duas facções de adeptos e simpatizantes. Por isso é que há competição. Julgo também, que a direcção dos Superdragões não pretenderá a existência de jaulas ou aquários nos estádios destinadas aos seus membros. Voltando à posição do meu clube, limitar-se a criticar a organização e planeamento do jogo lavando as mãos da questão fundamental - o vandalismo da claque (mais uma vez) - constitui um acto irresponsável que só encoraja a claque a persistir no seu modo de agir. Ainda em relação a este assunto, passo a abordar a fantástica prestação dada pelo Presidente do Benfica (subtilmente branqueada pelo Bardo, certamente no uso dos seus óculos encarnados). Começa pela evidência de que foram membros dos Superdragões que provocaram os desacatos, depois passa à moderna e adorável noção de inverdade para adjectivar as declarações da representante da PSP, depois ocorre-lhe A SOLUÇÃO, no estádio da Luz entram só benfiquistas, o que resolve com inédita celeridade o problema do derby com o Sporting. Adoraria explicar a este senhor que:
1. Se vai participar numa competição que lhe permite vender bilhetes, constituindo um espectáculo público cumpre as regras, como tal, dará ao adversário os bilhetes a que este legalmente tem direito.
2. Compete-lhe como organizador de jogo, tomar precauções para garantir a segurança de quem lhe compra bilhetes, não demonstrar que os adeptos dos outros clubes são vândalos.
3. Se quer uma audiência apenas de benfiquistas, organiza jogos entre a equipa A e a equipa B fazendo o seu próprio campeonato encarnado.
Por último a PSP, onde está a eficácia do Euro? Era uma inverdade ou uma inmentira? Lembre-se a PSP que lhe compete garantir a segurança dos cidadãos, é para isso que serve. Se o Presidente do Benfica acha que a Luz não está sob jurisdição das autoridades nacionais, a alguém compete desenganá-lo.
Dando por terminado este irritante assunto, passemos à seguinte barbaridade: a choradeira da arbitragem. A arbitragem do jogo foi subtimente desfavorável ao Porto, não ganhámos por causa disso? Não, qualquer jogador que joga a este nível tem de estar preparado para enfrentar uma contrariedade como esta, não é por aí. Empatámos por dois motivos, primeiro não fomos capazes de manter a posse de bola por incapacidade do meio campo já esgotado, segundo porque fomos capazes de não marcar mais nenhum autogolo. Just that.
Mas vamos à continuação das barbaridades, estou curiosíssima por saber o que opina o Guitarrista do jogo de ontem, é bem verdade que de Espanha nunca vem bom vento, eu não sei se o treinador do Beira-Mar é galego, mas teve a lata de dizer que a arbitragem foi habilidosa - calcule-se, aquele penálti claríssimo! :D Aqueles jogadores que insistiam em meter pernas às chuteiras dos anjos benfiquistas,uma pouca vergonha, só mesmo um espanhol (além dos soberbó-rurais) para inventar estas coisas de arbitragens habilidosas.
Por último, chamo a atenção dos leitores para o facto de, "Benfica x Porto ao cronómetro", ter acertado no resultado. Seria uma inverdade negar esta evidência: 1 - 1 foi o resultado. É inmentira negar que o teor do texto ultrapassou a realidade em todo o seu surrealismo, ou barbaridade?

Wednesday, April 04, 2007

Benfica x Porto - a crónica da menina dos póneis

Ultimamente, tenho andado calado. Normalmente, isto acontece quando não tenho nada para dizer ou então quando não tenho vontade de escrever ou ainda quando me interrompem o fornecimento de electricidade por falta de pagamento. Parecendo que não, a electricidade desempenha um papel importante aqui na internet. Sem luz, a internet não era ninguém.
Por falar em luz, vou começar pelo jogo do fim-de-semana, que tanto agitado as multidões dos dois lados da contenda. E um dos lados anda armado em tixa. Isto, só para começar. Mas, antes de mais, vamos ao que verdadeiramente importa no futebol: droga e violência. À falta de droga, foquemo-nos na violência. Sabem os meus iletrados leitores que sou pessoa de diplomacias e essas tretas de me dar bem com os outros e blá blá blá e não sei quê. É verdade. Quem não acredita, pergunte à costureira que para aqui escreve e ao seu lacaio que por vezes lhe redige as missivas. Eles são do folcuporto mas também são gente, caramba. Eu respeito-os. Eu respeito, de um modo geral e politicamente correcto, todos aqueles que gostam de bola porque a bola é um desporto giro. Ou porque os estádios são sítios únicos de união e harmonia entre desconhecidos que partilham sensações, tal como era o Trumps aqui há uns anos, por exemplo. Só que em maior e com mais claridade. Os estádios, claro. As pessoas que vibram com a sua equipa e que com ela sofrem por causa das derrotas - sim, os tixas também são gente - merecem o meu apreço. Porque eu sou como vocês, embora um pouco mais talentoso e menos modesto. Gosto de ir ao estádio, de chamar boi ao árbitro, de gritar golo, de dizer asneiras a pontos de deixar aquela secção do 3.º anel incomodada, de ficar nervoso, irritado, eufórico, feliz, graças ao meu clube - essa doença que me acompanha desde que me lembro, desde que ver o Maradona fazer aquelas coisas aos adversários me despertou uma imensa paixão por este desporto. O Maradona nunca jogou no Benfica, é um facto, e não sei em que ponto estas duas coisas se relacionam. O que acontece, muito sucintamente, é mais ou menos isto: o Maradona fez-me gostar de bola ------> fiquei do Benfica. O processo de apaixonamento tem, por vezes, um desempenho estranho. Mas o que importa aqui é destacar que os apaixonados pelo futebol existem em todos os clubes - embora não se compreenda, em certos casos, como é possível, enfim... Da mesma forma, e era aqui que eu queria chegar, também existem para todos os gostos e de todos os clubes gente que não faz ideia do que é o futebol, enquanto desporto e enquanto fenómeno social que faz vibrar multidões. Gente para quem "vibrar com o futebol" significa estar na zona onde rebenta um petardo, por exemplo. Gente para quem "ficar emocionado" com o belo jogo significa sair do estádio em lágrimas de raiva porque não conseguiu chegar ao nariz do polícia como desejava. O episódio de domingo, com gentalha dos super dragões, foi "mais um" exemplo da tal gente que se espalha por tudo quanto é lado. Infelizmente, a atribuição de responsabilidades tem parecido uma discussão de crianças com toda a gente a falar e ninguém a dizer nada que preste. Pois, agora falo eu:

1. este tipo de conduta tem de ser sempre, invariavelmente e sem recurso a justificação ou desculpa, severamente condenado por todas as entidades, independentemente de se tratar do clube a que a claque é afecta ou não;
2. no caso em questão, a não condenação dos actos por parte do Porto é ainda mais grave, sendo a relação entre a claque e a direcção clube de extrema proximidade (sim, quem são os capangas que põem treinadores e jogadores na ordem?);
3. a organização do jogo, a cargo do Benfica, teve uma ideia infeliz e não calculou todos os riscos ao colocar as bestas no 3.º anel;
4. Benfica e PSP não conjugaram esforços de forma a que as regras de segurança fossem devidamente cumpridas;
5. a PSP não fica isenta de culpas, mais que não seja, pelo exposto no ponto anterior;
6. as entidades não podem ser responsabilizadas pelo comportamento animalesco dos cidadãos desordeiros; porém, devem zelar pelo bem-estar e segurança dos cidadãos que sabem comportar-se;
7. impõem-se castigos e medidas preventivas para um futuro próximo: abra-se inquérito para apurar a responsabilidade da PSP (e empresas de segurança) e, no mínimo, que se punam os dois clubes envolvidos, para que se dê o exemplo (a multa é anedótica - 2000 euros para uns e 1500 euros para outros? Há cartões vermelhos com multas mais pesadas);
8. digam o que disserem os defensores das claques, não vejo um único ponto positivo na existência destes colectivos que apenas promovem a violência nos estádios e os ódios entre clubes; ainda neste ponto, os clubes deveriam ser DEFINITIVAMENTE PROIBIDOS de apoiar ou, de qualquer forma, dar benesses às claques organizadas.

Do que tenho lido pela Imprensa e pela blogosfera, as opiniões dividem-se entre dois lados, de uma maneira um bocado básica: ou a culpa é dos energúmenos assassinos dos super dragões ou então a culpa é do Benfica que os pôs lá em cima. Em última análise, a culpa é de quem prevarica. Agora, na realidade, o clube tem responsabilidades por ter sido incauto. Parece-me simples. Não sejamos fundamentalistas nem tão pouco gananciosos, há culpa que chegue para toda a gente.
Agora, o que me tem chocado têm sido as críticas acéfalas ou a caminho disso acerca do jogo, no seu todo. Para além do atirar das culpas ao Benfica neste caso dos morteiros e dos mísseis e não sei quê lá do 3.º anel, há ainda quem defenda a teoria da roubalheira no jogo. Sim, estão a ler bem: há quem tenha o descaramento de vir defender que o Proença fez o resultado. "Que intimidou", diz o Jesualdo. Uma coisa é certa, se o fez, fê-lo bem feito: o Jesualdo encolheu-se todo para o segundo tempo - mas isso não viram os azulados. Mas há quem afirme estas coisas com tal desplante que fica a parecer que a vitória do folcuporto não só seria justa como seria mais que óbvia. Pois, meus amigos, lamento desapontá-los mas isso está errado. Não sou eu que o digo - é o special one, himself. Confirme quem quiser: "o empate é justo; a vitória do Porto seria mais injusta; a vitória do Benfica seria mais natural". Os dois melhores em campo foram o central e o guarda-redes tripeiros - tripeiros mesmo, nascidos e criados na Invicta. Parecendo que não, isso é capaz de querer dizer alguma coisa.
Quanto aos demais - leia-se "aos do sportém", que também merecem umas palavrinhas - gostei de ver a felicidade com que festejaram a vitória frente ao poderoso conjunto aveirense. Felizmente o Beira-Mar não fez alinhar o Buba.
Ia dizer que as contas se fazem no fim e essas tretas todas, mas não quero saber disso para nada. Segundo o meu tarot, o sportém vai acabar com menos pontos de vantagem sobre o quarto do que de desvantagem para o segundo. Agora, este segundo, com muita infelicidade minha... será o Benfica.