Thursday, November 30, 2006

O nervoso miudinho

E pronto, cansei-me de esperar. É que esperei a semana inteira que alguém se manifestasse, que diabo, era semana de derby lisboeta, o Glorioso vai empreender valorosa viagem até ao outro lado da segunda circular para enfrentar os Leões (ou a lagartagem, como vão dizendo entre dentes os adeptos encarnados). Os jornais pesquisam nos anais, buscam-se por entre os 99 anos de derby, os resultados mais humilhantes, os protagonistas mais relevantes e aqui no Dianabol nada? Isto não pode ser normal, tem de significar alguma coisa.
Pesquisei na blogosfera, e tirando a brilhante série de os Merdinhas, no Mãos ao Ar, nada encontrei. Ninguém arrisca a dar tácticas, composições de equipas, nada, nada.
A rivalidade contida disfarça o ódio profundo que vai corroendo o âmago destes adeptos. Mas ele vai soltar-se, de forma espectacular se houver um derrotado, para todos os lados se houver um empate (atenção Helena, o árbitro é do Porto, nesse caso vai sobrar para nós).
Por ora, sobra para as unhas de lagartos e lampiões que, a estas horas revêem a matéria, que é como quem diz, o currículo do árbitro, os jogadores disponíveis, os planos das claques, o penteado do Paulo Bento, o estado da relva, do tempo, da cerveja e dos amendoins. No subconsciente trazem, pelo sim e pelo não, aquela frase brilhante, digna de sábio filósofo, ‘não me chateia nada perder o jogo, este ou outro qualquer, desde que ganhemos o campeonato, e a taça, e a fruteira do Guadiana' – assim consolados pelo subconsciente vão tirando o cachecol, a camisola, o alho, as mezinhas e até o terço. Desenganem-se os leitores, estes aparentemente pacíficos adeptos com cachecol e mezinhas, mais não são do que guerreiros violentos que se preparam para desancar o derrotado! Ah, é verdade, os nossos leitores são os tais adeptos, então reformulo, amigos exprimam-se, tanta contenção faz mal.

Monday, November 27, 2006

Noticiário. E antiquário também, que há assuntos não muito recentes, mas pronto.

Eu sei que já havia para aí gente a dizer que não me apetecia era escrever e não sei que mais. É mentira, apetecia-me. Não me apetecia era publicar. Mas hoje, vá lá, acordei bem disposto.

Primeiro - e antes de falar na história da FHM -, há uma coisa que importa mencionar: o nosso muso inspirador, Abel Xavier, esse D. Sebastião da Reboleira, voltou a jogar, a titular, pelo Middlesbrough, frente ao Aston Villa, salvo erro (sei que são equipas estrangeiras...). Aparentemente, o jogador mutante inspirou-se, tomou uma carteirinha de Dianabol e foi o melhor em campo. Parabéns, Abel.

E, agora, ainda antes de falar da história da FHM, sou obrigado a falar nisso. Parece que a FHM decidiu fazer uma lista com 50 blogues portugueses que vale a pena a ler, ou lá o que é. Na categoria de "futebol", um dos distinguidos diz que foi o Dianabol. Estranhos critérios estes da FHM. "Futebol"... :) toda a gente sabe que o Dianabol é um pardieiro de desassossego mental e venda a retalho de esteróides anabolizantes, anfetaminas, droga em geral e Chupa-Chups. Mas, distinções são distinções e, confesso, fico orgulhoso. Até porque as páginas daquela revista serão, porventura, a única coisa que algum dia virei a partilhar com as criaturas que povoam o interior da publicação. Obrigado aos senhores, portanto.

E agora, depois de ter falado sobre a cena da FHM, vamos falar do Depor. Para quem não sabe o que é o Depor, eu explico: o Depor é o maior clube da minha terra. De longe. Já foi campeão nacional da 3.ª divisão, inclusivamente. Tem pergaminhos. E um campo, a que chamam estádio, que merecia um estudo aprofundado acerca de "sítios do mundo onde NÃO deveria ser construído o chamado rectângulo de jogo". Mas é relvado - com relva natural, a qual eu ajudei a assentar, com estas quatro que a terra há-de comer. O Depor é o poderoso Desportivo de Mafra. O Depor é um caso de sucesso de uma região em forte crescimento, que começa a ser conhecida por motivos outros que não a aldeia do Zé Franco e os ratos do Convento. Agora, também temos o Cláudio Oeiras. Quem é o Cláudio Oeiras?! Ó, meus amigos... Isso nem parece vosso. Cláudio Oeiras, aqui há uns anos, ainda nos tempos em que envergava a não muito digna mas minimamente honrada veste barcelonista do Torrense, foi às Antas fazer aquilo que melhor sabe: arreliar um clube grande. Eliminou o folcuporto da Taça e isso, por si só, valer-lhe-ia um Óscar - isto, se o futebol fosse avaliado pela Academia de Hollywood e não pelos jornalistas do Público, que, depois de uma época inteira, dão aquele troféu esquisito sempre a um gajo do Porto. O Cláudio Oeiras, esse mesmo, que, anos mais tarde, com a inestética t-shirt do Odivelas - mas quem é o Odivelas? Qualquer dia temos quem? O Sporting da Flamenga? O Torpedo de Santo António dos Cavaleiros? O Atlético do Vale Grande? O Futebol Clube do Olival Basto? Haja decoro... -, fez a folha ao Sportém de Braga. Um Braga, na altura, ainda treinado pelo professor Jesualdo, também ele exímio em protagonizar capítulos de "festa da Taça" ao longo da sua carreira. Por que falo eu no Cláudio Oeiras? É simples: o Depor, num lance de génio da gestão desportiva, contratou este avançado diabólico para, pela primeira vez na história do clube, fazer figura na segunda prova do futebol nacional. Resultado: perguntem às gentes de Guimarães se, para além dos Fradinhos, levaram alguma boa recordação desta terra inóspita com microclima que faz crescer cabelos no peito do adolescente mais imberbe. Adivinhem quem marcou.

E agora que já abordámos, ainda que superficialmente, aquele episódio da FHM, poderíamos falar de outra coisa qualquer. Mas, a mim parece-me que chega, que vocês não podem ler muitas palavras de uma só vez. E este texto já vai em cerca de 650 palavras, sem contar com o título. É dose.

Friday, November 17, 2006

O talento

«Pauleta não concluiu o treino de ontem do Paris Saint-Germain. O atacante português teve de ser suturado no sobrolho direito com dois pontos, depois de um choque acidental com um obstáculo quando realizava um "slalom". »

Aqui.

Wednesday, November 15, 2006

Adeus, José



(Genial cartoon de O Jogo de hoje.)

Friday, November 10, 2006

Já que ninguém se lembrou...

Guitarrista, embrulhado num trapo, à beira do Tejo, pega num pastel de nata com uma velinha e canta:

-Parabéns a você, tralala - la - lala... uma salva de palmas... eeehhhh... bbbvvvvv...

Em seguida, desabafa com os seus (poucos) botões:

-*snif* Bolas, com tanta gente que vai lá mandar vir e ralhar e queixar-se e dizer ahahah e que não tenho razão e isto e aquilo e que sou desdentado e analfabeto... pensei que houvesse um, UNZINHO SÓ que se lembrasse do nosso aniversário...


[imgagem recolhida por leitor atento, ontem, debaixo da Ponte 25 de Abril.]

Thursday, November 09, 2006

A desolação do adepto a partir do momento em que não há grandes nem pequenas penalidades

Há quem se queixe "ai, que o Guitarrista não escreve". A Helena, por exemplo, que, nos intervalos dos afazeres domésticos, me manda sms a dizer "epa, o gitarista, já xcrvias qlquer coixa, n?!?!?! LOL". Mas há mais. Não vou agora dizer nomes, mas o fpm também se tem pronunciado com alguma frequência (um dia eu desbloqueio os comentários, dou a minha palavra...). Ou seja, os leitores agitam-se porque não escrevo - aliás, mesmo na caixa de comentários, são várias as manifestações de repúdio pela minha generosidade para com facciosos de outras cores, a quem cedo o espaço bloguístico e o corrector ortográfico para darem azo aos seus devaneios, na esperança - vã? - de ver nessas prosas, um dia, qualquer pingo de razão e bom senso. Os resultados tardam, mas não desisto - aproveito para deixar aqui uma mensagem: o sr. Vinhas, distinto fundamentalista do folcuporto e defensor activo e reactivo da perna do Anderson, tem participado com regularidade com textos seus neste espaço; embora goze do nosso respeito, simpatia e gratidão, não goza de exclusividade no assunto; quero com isto dizer que qualquer participação pode ser submetida à participação dos avaliadores (eu e a Helena) que decidiremos sobre a sua publicação ou não (N.R.: escusam de perder tempos os fãs da Turminha - o Vinhas tem publicado com apenas 50% dos votos a favor e dando aplicação à lei da vantagem para a equipa que ataca; mas, no vosso caso, duvido que tivessem a favor um voto que fosse). Fica o convite.
Mas, tanta palavra escrita e para quê? Para chegar ao que realmente importa: a desolação. A verdade é que o futebol português atravessa um dos seus mais negros e tristes períodos. Essa é que é a verdade. Onde é que se já se viu ficar perante uma paragem de 15 dias no campeonato com os três grandes - os 3! Os TRÊS! - em estado de Graça?! Eu acho isto um completo absurdo. Confrontado com tão desolador panorama, já perdi a inspiração para variadíssimas e geniais prosas: por exemplo, aquela muito boa que não escrevi acerca do Síndrome de Caldwell - em que recordava uma interessantíssima teoria, aliás da minha autoria, acerca da nova estratégia de Pinto da Costa (ver texto Vanguardas). Ou aquela outra sobre o tornado do Miccoli. Ou ainda - esta teria sido, sem dúvida, a mais genial e pertinente - uma outra que eu cá sei acerca do rendimento comparativo de Katsouranis e do "deus" Anderson (avaliando apenas jogos em duas pernas, sem recurso a adereços ou ferramentas). O que é que, uma pessoa olha à volta e, no fundo, desmotiva. Vou gozar com quem? Com os tixas por ganharem 3 a 0 sem terem marcado um que fosse? Com o Alecsandro por ser um não-goleador com eficácia muito acima da média? Com a piscadela de olho do José Bosingwa ao seleccionador nacional? Sinceramente, não tenho paciência. E pronto, era só para dizer isto.

Friday, November 03, 2006

A culpa foi do Anderson (ou de como o grego abateu o mito com a lógica Aristotélica)!

Querem os Dracónios justificar o injustificável! Claro que a culpa foi do Anderson!
A falta de medidas que protejam a mediania contra a genialidade é notória!
Se no lugar do 10 portista tivessem atingido o Bruno Alves ou o Fucile já toda a gente respirava de alívio e ainda acabavam a dar palmadinhas nas costas do Grego (desculpem a xenofobia, mas os gregos aterrorizam-me desde os tempos em que apanhei pela frente o Parménides, o Platão e toda uma plêiade de pensadores antigos, excêntricos e de valor duvidoso e sobre os quais dependia o meu ingresso num curso superior que me permitisse fazer parte da geração 1000 Euros).

Anderson inspira a sua própria mitificação. Pelo que joga e pelo que pode vir a jogar. Qual Aquiles, está a preparar-se para batalhas cada vez maiores e para ganhar a glória uefeira quando for vendido por uma soma irrecusável a um dos grandes da Europa.
Os que se tornam eternos, mesmo que abatidos no campo de batalha (como Garrincha, cuja história é digna dos Deuses do Olimpo).
Mas… e os mortais! Quem deles cuida? Quem os protege e realça a sua grandeza, as suas fraquezas e o seu irremediável destino de desaparecer e ser esquecido.
Katsouranis é um bom jogador, mas não está destinado a ser lembrado pelos seus feitos (à parte o melhor golo da época na própria baliza!) Mas é de toda a justiça que seja protegido contra a infâmia de ser recordado como quem ousou lesionar um futuro herói.
Tal como ele, inúmeros jogadores (que os clubes necessitam por serem os que “dão o litro”) também necessitam ser protegidos, mesmo que seja da fama por entradas grosseiras.

A verdade é que Anderson sairá do Porto para um grande europeu e Katsouranis, com o tempo, declinará para patamares mais baixos e será esquecido da memória dos homens. Poderá viver na memória dos Deuses como o humano que atentou contra um dos eleitos, mas conviria que os homens o perdoassem até porque o grego (lá vai o xenófobo outra vez!) nada mais fez do que um raciocínio aristotélico relativamente a Anderson, provocando o equilíbrio das partes num jogo que, provavelmente sem a saída do brasileiro poderia assumir contornos de escândalo.



Vinhas

Thursday, November 02, 2006

A Galiza ali tão perto...

O clássico já lá vai e ontem jogou-se na Europa... desconfio que tenho alguma coisa para dizer. Comecemos pelo jogo do Dragão. Foi daquelas noites difíceis. Quando terminou o desafio, não sabia se havia de estar contente ou deprimido. Para combater a indecisão, recorri à chamada "mini". Normalmente, resulta. Hora e meia depois, tinha a certeza de estar contente.
Quanto ao que se jogou na erva tripeira, assustou-me, confesso. Quando a nádega do Lizandro desviou a bola para as redes do Quim, pensei "ui, Jesus, isto hoje vai ser bonito". Quando, uns momentos mais tarde, Quaresma tenta cruzar para o bandeirinha e falha o pontapé, veio-me à cabeça a palavra "Balaídos". Tive medo. Tive muito medo. O Anderson pegava na bola e eu a matutar "isto é o fantasma do Mostovoi" e sem conseguir disfarçar o embaraço e o susto, ali, à frente de outros tementes benfiquistas, inchados portistas e desinteressantes adeptos de outros clubes que, a essa hora, já faziam piadas e bolinhas no calendário, assinalando a efeméride para a posteridade. Enfim, o típico. A coisa continuava e eu a ficar encolhido e pálido e a pensar "obrigado, Senhor, por já não haver aqui McCarthy" e olhava para o Quim, todo nervoso, só conseguia ver ali o Enke, entre os postes, incrédulo, quase a chorar. Foi então que recorri ao golpe baixo: supliquei à divindade - "Miki, se me estiveres a ouvir e a ver a bola... pá, mete uma cunha, faz qualquer coisa". Segundos depois, Anderson sentava aquele rabo gordo no relvado a queixar-se que o grego lhe tinha partido a perna... pfff... pieguices. É o que dá jogar com miúdos - já se sabe, quem dorme com crianças, acorda molhado... O certo é que, às vezes, implorar resulta - com a saída do Anderson desapareceu o Quaresma, apagou-se o Lucho e entrou o Raul Meireles: 3 em 1. "Obrigado Miki", suspirei.
A partir desse momento, desapareceram os fantasmas e qualquer tipo de sinal que me recordasse uma determinada cidade galega da qual jamais voltarei a pronunciar o nome. O Benfica pegou no jogo e vandalizou a estratégia portista. Lição de bola do princípio ao fim da segunda parte. Pena que, já com o árbitro a preparar o apito para acabar com o jogo, o Luisão se tenha preocupado mais com ajeitar a gola do Postiga do que com a marcação do Bruno Moraes. A vitória do folcuporto não é descabida, longe disso. Mas caiu mal porque o Benfica também não mereceu perder.
E agora ia escrever sobre o jogo de ontem. Porém, reconsiderei: seria desperdício. Guarda para depois e assim faço dois posts em vez de um só, o que fará transparecer uma certa imagem de jovem empenhado e trabalhador, altamente produtivo. Ora, isso agrada-me. Antes de finalizar, e assim como se fosse um reformado a dar milho aos pombos, aqui estou eu com o meu saquinho de Dianabol pronto para premiar as exibições de sábado:

-Quim, 5 mlg.
-Nelson, 6 mlg.
-Luisão, 4 mlg.
-Ricardo Rocha, 6 mlg.
-Leo, 7 mlg.
-Katsouranis, 9 mlg. (7 + 2 de bónus: pelo corte sobre o Anderson e outro pelo magnífico golo)
-Petit, 5 mlg.
-Paulo Jorge, 4 mlg.
-Simão, 8 mlg.
-Kikin, 0 mlg. (eram 2, mas já sabem, enquanto a camisola ostentar nomes gay...)
-Amelinha, 7 mlg.
-Nuno Assis, 7 mlg.
-Mantorras, 7 mlg.
-Engenheiro, 7 mlg.