Tuesday, January 31, 2006

"Sobranceria"

Não me venham com histórias de que o futebol é um desporto estupidificante, blá blá blá, e que move massas e que é o novo ópio do povo e que desvia as pessoas da cultura, das artes e, até - vejam só! -, das manifestações intelectuais. Pelo contrário, como o que escrevo em baixo atesta, o futebol serve inclusivamente para alargar os conhecimentos vocabulares do cidadão medíocre português.

Depois de um mal esgrimido derby, sábado passado, entre o maior clube do país e um dos maiores clubes do Campo Grande, que terminou com a vitória inesperada, rara e invulgar dos segundos, eis que uma palavra se espalha freneticamente pela blogosfera de cariz futebolístico: "sobranceria". Eles sobranceria assim, e ai que sobranceria coiso e tal e eu já estou farto de ouvir falar da tal "sobranceria".

Sinceramente, preferia os tempos em que, lá na província, depois de uma situação com desfecho semelhante, era capaz de ouvir qualquer coisa como "andavas aí todo inchado, agora desincha! Três pela peida acima!" Agora, sobranceria... Isso é quase uma ofensa!

Monday, January 30, 2006

Ora, o derby

Só podia haver um vencedor e, pela (i)lógica da justiça do futebol, esse vencedor só podia ser aquele que foi. O Vitória de Guimarães é uma equipa muito esforçada e lutadora, mas falta-lhe o chamado "poder de fogo". Já o Sporting bracarense é precisamente o oposto: gere os acontecimentos com calme e frieza e, no momento oportuno, desfere o golpe letal. O golo do João Tomás foi bom, mas destaco ainda mais o cruzamento do Rossato, que é de grande nível. Aliás, Rossato foi, sem dúvida, o melhor em campo, rubricando uma exibição de grande luxo. Ao Vitória falta-lhe um jogador de qualidade, que sobressaia entre aquela mediania e acrescente classe e algum génio. Se Bénachour não estivesse na CAN, talvez as coisas tivessem corrido de outra forma. E o que digo de Bénachour para o Vitória poderia também dizer de Mantorras para o Benfica.





PS - O blog é meu. Só falo da tragédia de sábado se me apetecer. E a parte do Mantorras era obviamente a brincar...

Friday, January 27, 2006

Palpite para depois de amanhã

Não é muito original, eu sei, mas... é mesmo o que eu acredito.

Sporting de Braga 1
(João Tomás)

Vitória de Guimarães 0
(nada a registar)






PS - O autor reserva-se o direito de alterar este prognóstico na 2ª feira.

Tuesday, January 24, 2006

Sonho de uma noite de Inverno

A verdade é só uma: não me tem apetecido falar nem escrever sobre futebol. Porquê? Porque estou em contenção. Porquê? Mau, tantas perguntas. Ora, porquê... porque vem aí o Benfica - Sporting. É preciso poupar a futebolite que há em mim, fazer a benfiquite difundir-se-me pelos vasos sanguíneos, o nervosinho vermelhão crescer-me na respiração. Provocar os próprios olhos, fazê-los raiar do cansaço das insónias longas em que, noite dentro, imagino "GOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLOOOOOOOO!!!!!... é o seis a zero no Estádio da Luz! Geovanni a bisar! 32 minutos da primeira parte, Benfica - SEIS!, Sporting - zeeeero!"

Gosto de estar gasto quando chega um Benfica - Sporting, de nervos em franja, com maus pressentimentos, os músculos com espasmos, as pálpebras em aceleração intermitente, arritmias, úlceras, unhas roídas. É assim que gosto de chegar ao dia do derby.

Acontece que, este ano, pela primeira vez em 26 longos invernos, o dia chegará sem que a agitação tome conta de mim. E isso é mau? Sim. Não só é mau presságio (não confundir com maus pressentimentos, esses não existem, já disse), porque lembra aquela tarde inglória da única derrota de determinada época - quem poderia prever tamanha hecatombe? -, como tira o sumo, a emoção e o êxtase ao observar cada bola anichada no fundo da baliza lagarta. Num derby normal, uma bola dessas vale a energia de dez vitórias. No presente derby, vale um golo à Académica... Será que vale? É o vales!

Valeria, sim, não fosse eu expedito, desenvolto e experiente nestas andanças de benfiquista profundo. Vamos lá ver, os dados são estes: o Benfica só faz é ganhar, já vai para dois meses; só sofreu um golo nos últimos quê?, vinte jogos, p'raí, e foi de penalty; parece um triturador de adversários, até o Manchester se vergou ao peso da Digníssima Camisola!; temos reforços de peso; o Geovanni está em forma; o Koeman percebeu a táctica; o Simão afinal não se foi embora; o Nuno Gomes continua a marcar... Epá, isto é demais! Chegou a um ponto em que decidi: "Guitarrista, isto, enquanto o derby chega e não chega, tu deixas de ver a bola". E deixei! Não vejo o Glorioso desde o jogo em Setúbal! Assim vou acumulando: já não assisto a uma vitória do Benfica vai para três semanas. Vocês sabem o que é estar três semanas sem ver o Benfica ganhar? Dói! É um aperto constante no peito, uma angústia lenta na garganta, uma moínha intensa e perfurante nas têmporas. Numa palavra, é sofrimento. Auto-inflingido, mas sofrimento.

E eis que o dia se aproxima. Já só faltam 4ª, 5ª e 6ª. O sábado não conta, todo o dia será resumido a uma série de rituais supersticiosos - mas cheios de fé, não de crendice: levantar, nunca antes das 13h; demorar-me longamente nos cuidados de higiene - há que estar polido e engraxado para uma eventual vitória; vestir-me cuidadosamente, sem qualquer tom de verde - ou aproximação - na indumentária; detalhe importante: os boxers do Glorioso, devidamente engomados, depois de uma cuidadosa lavagem com amaciador Soflan; esbanjar Unum pela roupa, pelo pescoço, até pelas partes íntimas!, para que os vizinhos me sintam o perfume; dar dois beijinhos à Poderosa Amelinha, a boneca de trapos que tenho em cima da cama; dar mais um beijinho à camisola de Fehér, exposta no corredor desde 6 de Dezembro de 2005; procurar um café digno, com SportTV e proporção de sprotinguistas claramente inferior a um quarto da população total; sentar-me e começar o ritual final: imperial e cigarros, uns atrás dos outros, até que a visão se me turve e a esmagadora vitória seja um bálsamo antecipado para a ressaca que se adivinha.

Enquanto o jogo começa e não começa, vou sonhando. Até já tenho o filme do encontro:

-Minuto 0: a águia Vitória falha o naco de carne e debica afincadamente a zona genital de Pedro Henriques. O tratador consegue acalmar o animal, mas... fica feito o aviso.

-Minuto 1: Koeman manda Karyaka aquecer para a zona em frente à Juve Leo.

-Minuto 3: canto na esquerda; Simão bate; Luisão, dentro da pequena-área, salta com os dois cotovelos em riste: um para Ricardo, que acaba a sangrar da testa; outro para a bola, que acaba dentro da baliza. Os jogadores do Sporting protestam. Pedro Henriques, com o seu famoso critério largo, diz que "o futebol é para homens". O golo é sancionado. O Inferno da Luz incendeia-se! A lagartagem cala-se. Quer dizer, há alguns que gritam e esbracejam "filhadaputa, isto é uma ladroagem!". Mas não é. É golo do Benfica! Eh-eh. Durante os festejos, Luisão desenha um coração no ar, frente a uma das câmaras de TV, e soletra "Zé-An-tó-ni-o-li-ma esse é p'ra você". Zé António inicia um longo pranto que só terminará daí a duas horas, mais coisa menos coisa, dependendo dos descontos.

-Minuto 5: Petit, disputando uma bola com Sá Pinto, atinge o veterano sportinguista no baixo-ventre. Há quem diga que a mancha nos calções do segundo é de sangue... Pedro Henriques manda jogar. Sá Pinto tem que ser substituído.

-Minuto 6: enquanto a substituição acontece e não acontece, e estando o Sporting reduzido a dez, Petit derruba João Moutinho e lança Geovanni que, partindo de posição irregular, anicha a bola nas malhas verde-alface. Não sem antes passar o esférico por baixo das pernas de Ricardo. O fiscal-de-linha nada assinala. Aparentemente estava a limpar o suor da testa e distraiu-se. Dois a zero para os da casa!

-Minuto 12: Soares Franco confidencia a Luís Filipe Vieira "como eu o invejo... sim senhora, isto é que é um clube... quem me dera ser presidente de um clube assim... que maravilha de equipa... que estádio... sim senhor!..."

-Minuto 13: Nuno Gomes, completamente sozinho na área adversária, cai, sem explicação aparente. Pedro Henriques aponta a marca de castigo máximo, exclamando "eu vi, eu vi! Foi a mesma mão que empurrou o Jardel! Vi sim senhora!" Sem possibilidade de admoestar outro jogador, o árbitro manda o cartão amarelo por fax para Bordéus. Beto não compreende e protesta "vai p'ó caralho, ó filhadaputa!" Pedro Henriques não hesita e envia o segundo amarelo. Beto vai mais cedo para o balneário, o que não faz grande diferença, uma vez que estava no banco, envergando um elegante fato-de-treino bordeaux.

-Minuto 14: Simão bate o penalty. Ricardo defende. Pedro Henriques manda repetir - o guarda-redes mexeu-se. Simão bate novamente, Ricardo torna a defender. Pedro Henriques manda repetir porque o guarda-redes desta vez não se mexeu, o que é jogo desleal, uma vez que Simão não estava a contar com esta estratégia. Ricardo exclama "deixa que eu marco" e tira as luvas. Perante a baliza deserta, confirma-se a previsão: Ricardo marca auto-golo de penalty. O estádio festeja efusivamente o 3 a 0!!! Ricardo leva as mãos à cara "como é possível?" Os colegas tentam confortá-lo "deixa lá, acontece a todos" diz Tonel, dando-lhe uma palmada no rabo.

-Minuto 16: na bancada VIP, Vieira vende um kit a Soares Franco.

-Minuto 21: Polga tenta o atraso para Ricardo mas, aplicando a técnica individual e o sentido táctico que lhe são conhecidos, acaba por assistir Nuno Gomes que, na cara de Ricardo, dispara ao lado. Na dobra, tentando emendar o erro de Polga, surge Tonel que, de carrinho já iniciado, intercepta e envia a bola ao poste. O esférico ressalta novamente para Nuno Gomes que, perante a baliza deserta - à distância de metro e meio - não encontra justificação plausível para falhar o golo pelo que opta pela concretização do tento. Durante os festejos leva os dedos médio e indicador da mão direita às Quinas estampadas na Digníssima Camisola. 4 a 0 para o Benfica!

-Minuto 27: Petit executa carrinho violento sobre João Moutinho. Este consegue saltar a tempo. Na queda, Moutinho atinge o benfiquista. Cartão vermelho para o jogador do Sporting. Com Pedro Henriques é assim: não há contemplações.

-Minuto 28: Karyaka faz sinal a Koeman que está cansado. O treinador do Benfica diz que não percebe russo.

-Minuto 30: 10º canto para o Benfica. Simão bate; Ricardo tenta segurar a bola. Não consegue. Alguém, no meio da confusão, atira para a malha interior da baliza. Eu tenho dois palpites: se não foi o Alcides, foi o Tonel. Pelo sim, pelo não, o golo é oficialmente atribuído a Nuno Gomes. E vão 15 da Poderosa Amelinha! 5 a 0 no marcador!

-Minuto 32: farto de estar no meio-campo, de onde a bola não sai desde a última reposição do Sporting, após o quinto golo, Pedro Henriques faz sinal ao bandeirinha do lado defensivo sportinguista para que este o chame. O bandeirinha faz então sinal a Pedro Henriques, a chamá-lo. O árbitro interrompe o encontro e dirige-se ao seu auxiliar. "Então o que é que foi?" "sei lá, tu é que me mandaste chamar-te" "Hum... penalty?! 'Tá bem." Pedro Henriques aponta para a marca de castigo máximo, uma vez mais. Paulo Bento vocifera "ithto é um vergonha, carathas! Não the admite um coitha athim..." Recebe ordem de expulsão. Por ordem de Koeman, é Geovanni quem coloca a bola na marca. Ricardo pergunta a Pedro Henriques "desta vez mexo-me ou não me mexo?" Pedro Henriques diz-lhe que sim, mas só se for para o lado direito. Geovanni bate para o lado esquerdo. "GOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLOOOOOOOO!!!!!... é o seis a zero no Estádio da Luz! Geovanni a bisar! 32 minutos da primeira parte, Benfica - SEIS!, Sporting - zeeeero!"

Toldado que estou pelo excessivo consumo de imperial e pela quantidade de adrenalina em fúria, exaltada pela vitória esmagadora, perco a noção da realidade... Vou dormir. Amanhã quero ler no jornal: "Benfica dá banho de bola e humilha o (ex-)rival: 11 - 0 foi o resultado final!" Haja fé!

Monday, January 16, 2006

Direito à indignação*

LADRÕES!
Ladrões, filhos da puta! O Sport Lisboa e Benfica é a instituição mais miserável e nojenta que existe neste país! FILHOS DA PUTA! Tenho pena de todos os que se dizem benfiquistas!


Pedro Santos, in Académica Sempre

*Publicado ao abrigo da concessão às exigências de dirigentes de "clubes indignados".

PS - (hru-hrum... eu também tenho direito à palavra...) Não é de ânimo leve que diariamente leio sobre os benfiquistas e o Benfica que somos "chulos", "filhos da puta", "mafiosos", "ladrões", etc, etc, no meio de uma torrente desvairada de ofensas soltas e acusações levianas e infundadas. Na maior parte dos casos, deixo estar e não ligo muito. Noutros casos, acho graça. Em situações limite (vide caso Zé António Lima), quando a indecisão entre a piedade, o nojo e a vontade de esbofetear vem ao de cima, escrevo. Mas o Pedro Santos despertou-me compaixão, diria até um certa simpatia - não que concorde (o lance da mão de Luisão é duvidoso, sim, mas não venham com histórias que é igual ao do Brum no primeiro tempo, em que o domínio é claro, intencional - diria mesmo infantil; em relação ao golo de Luisão, parece-me limpo e não venham dizer que têm a certeza que a bola saiu - ninguém pode ter; ainda foi perdoado um vermelho directo a um arruaceiro que lesionou o Beto - aos puritanos que criticaram Karagounis no desafio contra o FC Porto pede-se agora a palavra). Não sei, mas gostei do post do Pedro Santos, há ali qualquer coisa de genuino, de verdadeiramente magoado. É esta a magia do futebol...

Wednesday, January 11, 2006

Apontamento, sem reportagem

Em Alvalade, a um minuto do final da primeira parte, o Vizela está a vencer o Sporting por 1 a 0.

Depois de o Benfica ter batido o Tourizense por apenas 2 a 0 e de o Vitória de Setúbal ter precisado dos penalties para eliminar o Pinhalnovense, eis que se confirma a tendência desta ronda da Taça: os favoritos têm dificuldades em materializar a sua teórica superioridade. Vamos lá, Vizela, menos que quatro não é nada!...

Tuesday, January 10, 2006

Diz que o Simão "é capaz de ser vendido"...

Todos os dias leio nos jornais e ouço na televisão e na rádio a "quase notícia" que envolve o nome do costume: Simão Sabrosa. E todos os dias o conteúdo da "quase notícia" é o mesmo: "Simão quase de certezinha que está quase a ser vendido aos estrangeiros". Não é que eu ache isto errado, até acho positivo. Afinal de contas, é publicidade gratuita a um produto Benfica. Porém, penso que o repetir intensivo das "quase praticamente de certezinha" saídas de Simão do Glorioso Clube esvazia um pouco a verdade e a importância do assunto. No dia em que o capitão trocar a Digníssima Camisola por outra serapilheira anglófona qualquer, ninguém dará por isso. Toda a gente irá pensar "ah, lá estão eles outra vez com esta história.... já parece o Beto no Real Madrid".

Monday, January 09, 2006

Alcides

Há jogadores que não enganam, que têm qualquer coisa que os distingue dos demais, que os faz sobressair só pela forma como se colocam em campo, como abordam as jogadas ou como tratam a bola. Porque têm personalidade, técnica, força, coragem. Porque são destemidos, às vezes desavergonhados, e não se escondem do jogo. E - assinalável qualidade - não temem o próprio erro.

Esta época já surgiram no Benfica várias "ameaças" de jogador de topo. Primeiro foi o russo Karyaka, que diz que tem muito bom toque de bola. A mim só me fez lembrar o Zahovic, mas em louro e em lento. Depois era o Karagounis, que era muito bom e forte e isto e aquilo e que vinha do Inter. A mim só me fez lembrar Nuno Assis, mas em maior e em grego, o que fica mais difícil de compreender. Depois o Miccoli, super Miccoli, rato Miccoli, Miccoli, Miccoli... marcou um golo ao Lille, pronto. Menos mau, deu-nos jeito para passar aos oitavos da Champions. Mas se é àquilo que os italianos chamam "avançado", fica explicada, em parte, a falta de golos no calccio - e digo isto já depois de saber que o ontem o AC Milan venceu o Parma por 4 - 3, no San Siro (é a tal excepção que confirma a regra, suponho). Existe ainda Nelson. Valor seguro, sem dúvida. Já escrevi sobre ele que é um "sem-vergonha" dos relvados. E é mesmo. Tem um pé direito brilhante, uma velocidade notável e um dribble de quebra-rins. Mas falta-lhe qualquer coisa. Talvez a "certeza" de que é bom. Já deu para perceber que ele tem a certeza de que sabe jogar. Mas dá a impressão de que ainda quer provar algo a alguém - daí que, por vezes, leve longe demais certas iniciativas e nem sempre opte pela melhor solução para as jogadas. Ainda vai a tempo...

E depois existe Alcides. Tenho que confessar aqui uma coisa: desde que o vi jogar pela primeira vez, fiquei convencido. É um gajo sério, carrancudo - tal como Manuel Fernandes; mas, ao contrário deste, não está em campo sob pressão. Pelo contrário. Para Alcides, tudo é cool, tudo é fácil. Alcides sabe que é bom. Mais, Alcides sabe que é melhor que os outros. E quem ainda não sabe disto, não levará muito tempo a percebê-lo. Alcides é, juntamente com Simão, o topo de gama do Benfica. Jogador dos pés à cabeça - e a distância é grande! -, possui uma velocidade notável para o seu físico. Acrescente-se que, parecendo esguio, é poderoso, forte no choque - impõe-se e ganha os lances, muitas vezes sendo penalizado com faltas, quando joga limpo em quase todas os confrontos. Depois vem a técnica e a táctica. Para Alcides tanto lhe faz ser central de marcação, líbero, trinco, ala direita ou extremo-direito. Haja uma bola e um adversário, que ele sabe o que fazer sobre a erva. Defendendo, é implacável sobre os atacantes; atacando, é estonteante para os defensores; marcando, é uma parede; no ar, chega sempre mais alto; pelo chão, domina, dribla, passa - tanto curto como longo - com precisão e cruza como poucos (lembram-se do Miguel? Sim, aquele do Valência. Comparem um como o outro a tirar cruzamentos.).

Alcides tem pinta. Encara o jogo de frente, com segurança, com sabedoria. Acrescenta-lhe perspicácia, alguma irreverência e, claro, o talento que possui. Falta-lhe alguma coisa? Eu acho que sim: um contrato com o Glorioso até 2015. Com uma cláusula de rescisão de 35 milhões de euros.

Liga - Final da 1ª Volta

Às 17 jornadas, é justo que faça um pequeno balanço da Liga.

Depois de, na época passada, o tema ter ocupado boa parte da discussão futeboleza, este ano parece que as dúvidas se desfazem: o campeonato não está nivelado por baixo; existe antes substancial salto qualitativo no que respeita aos plantéis dos ditos pequenos, para além de sair reforçada a ideia de que as equipas de "segunda linha" - com o Sp. Braga à cabeça - estão prontas para tomar de assalto os lugares aquecidos dos grandes, sempre que a oportunidade surgir. Num passado recente, Boavista conseguiu um campeonato, o Sporting conseguiu dois (!!!) e até o Vitória de Setúbal conquistou uma Taça de Portugal. Fica o alerta para o Benfica e seu rival directo: haja cautela, estudo dos adversários, muito trabalho e, acima de tudo, bom senso na hora de reforçar o plantel. Um bom treinador, com metodologia adequada, e savoir faire na gestão dos recursos humanos é fundamental - acabaram-se os tempos dos Octávios Machados, dos Quinitos e dos Josés Romões.

Ainda a respeito desta presente Liga, destaco umas quantas curiosidades que me levam a associar cada vez mais o futebol à arte. No caso, à arte interpretativa, dada a abundante troca de papéis entre as equipas em competição. Primeiro, vejo-me obrigado a sublinhar o papelão do Penafiel, até agora impecável a fazer de "Estrela da Amadora" da época. Perfeito. Se trocassem de estádio e de camisolas, ninguém daria pela diferença. Depois existe o próprio Estrela a interpretar o "Belenenses" do costume. A continuar assim - início promissor, pontos amealhados e alguma consistência (aparente) no conjunto -, este Estrela ainda vai acabar por desmoronar-se e terminar a época a acender velinhas à Senhora da Porcalhota para que os adversários percam todos por mais que três golos na última jornada e a equipa damaiense conquiste os 3 pontos com uma goleada por, pelo menos, 7 a 0. Já os do Restelo teimam em fazer de Académica. Assim sendo, das duas uma: ou contratam um Nelo Vingada (ou derivados), ou acabam na Liga de Honra. Eu torço pela segunda hipótese. Aliás, acho-a bem provável. Já a Académica faz dela própria. Outra coisa não seria de esperar - é uma equipa personalizada, com uma filosofia de jogo bem vincada; uma espécie de Robert de Niro do cattenaccio. Depois existe o Vitória de Guimarães a dar o toque de comédia que, num volte-face com ingredientes de déjà vu, pode reeditar o épico - com suspense - do ano passado. Porém, este ano não tem Manuel Machado a fazer o story-board... Esperemos que tenha duplos.

Friday, January 06, 2006

Vejam lá se isto se admite!...

O senhor Rick Parry, director executivo do Liverpool, está profundamente aborrecido com o Benfica. E com toda a razão. Então não é que os malvados da direcção benfiquista - gente que não respeita minimamente um símbolo grandioso como o é o do Liverpool! - querem obrigar o clube inglês a pagar 20 milhões de euros pelo Simão!? Era o que mais faltava! O senhor Rick Parry diz, ofendidamente, sublinhe-se, "20 milhões de euros?! Boa sorte para o Benfica... Se o comprarmos ele não poderá jogar na Champios (Nota Dianabólica: se o comprarem, ele também não poderá jogar pelo Benfica que, por sorte ou coincidência, também está na Champions...) e, como compreende, é uma competição muito importante para o Liverpool (Nota Dianabólica: sem comentários) Mas parece que o presidente do Benfica está a pedir ainda mais dinheiro do que em Agosto!" Estes benfiquistas estão loucos, só pode ser! Sim, porque realmente é do maior interesse do Benfica livrar-se rapidamente da mediocridade do seu capitão. E se o senhor Luís Filipe Vieira e restante corja de malandros que o rodeiam andam a pedinchar de volta do Liverpool "epá, levem-nos daqui o Simão, por favor, já nem o podemos ver à frente", os ingleses ainda deviam era ser recompensados pela hospitalidade demonstrada ao disponibilizarem-se para acolher em sua casa o tal rapazito de sobrenome Sabrosa. Agora 20 milhões de euros... pffff... Ele há coisas...

Tuesday, January 03, 2006

As queixas continuam

Fonte próxima de Jorge Nuno Pinto da Costa - ok, foi a Carolina Salgado, pronto - revelou à diminuta redacção do Dianabol que o vetusto presidente portista conta apresentar mais uma queixa contra um elemento do Benfica na Comissão Disciplinar da Liga. O alvo de Pinto da Costa é desta vez o segurança que deu a chapada no outro gordo, com a barba por fazer, no aeroporto da Portela.

Para além das hostes portistas, o sucedido causou agitação também entre os arquirrivais lisboetas. O Dianabol soube que a Administração da SAD do Sporting está, neste preciso momento, a elaborar um comunicado no qual afirma, entre outras coisas, que "isto não se admite", "foi mesmo à frente do polícia", "só não vê quem não quer" e "foi com a mão, toda a gente viu que foi com a mão".

Instado a comentar ambas as reacções dos rivais, Luís Filipe Vieira foi peremptório: "são uns mariquinhas. Não podem ver uma bofetada acham logo que é violência. Nunca devem ter andado à porrada..."